quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

PERIGOS QUE ESPREITAM A HUMANIDADE - O FUTURO DIRÁ

                      

                   PERIGOS QUE ESPREITAM A HUMANIDADE -               

                                                                          - O FUTURO  DIRÁ.                                                                                   

  Segundo previsão de astronomia o mundo tem hipoteticamente ainda um espaço temporal de 5 biliões de anos. Por esta altura o Sol, transformado num gigante vermelho deixará de transmitir calor ao nosso planeta. Outras causas longínquas independentes da ação humana poderão perigar o planeta nada havendo a fazer contra este fenómeno. Porém, o metafórico Relógio de Apocalipse, pelo 3º ano consecutivo, marcava 90 segundos para a meia-noite, como o limite temporal para o fim da humanidade, face à ameaça de alteração climática conjugada com o uso do nuclear. (cfr. Bulletin of the Atomic Scientists). .           

Neste escrito, cuida-se assim, não do perigo para a humanidade derivado duma causalidade exógena, mas do que pode ocorrer por ação do homem. Pensava eu que o séc. XXI seria a expressão qualitativa de desenvolvimento social, económico e cultural do mundo. Os avanços cientificamente alcançados, as conquistas na tecnologia, a preocupação com a longevidade humana, o impacto da luta pelo reconhecimento de direitos humanos, as manifestações contra a nociva alteração climática, os encontros internacionais visando o desanuviamento de conflitos e surgimento de organizações e alianças entre Nações, pareciam augurar propósitos para uma convivência comunitária sem hostilidade, amante de paz, num contexto em que o diálogo e a diplomacia seriam a base para a solução de qualquer conflitualidade entre comunidades e/ou Nações. 

Porém, a realidade que presentemente se  vive contradiz a bondade da expectativa criada. O mundo parece andar às avessas, retroagindo em muito nos propósitos e objetivos que vinha traçando para o bem da humanidade. A máxima " homem, lobo do homem", nunca esteve tão próxima de realização como hoje, fazendo tábua rasa de tudo quanto de positivo foi alcançado para a harmonia em sociedade

Vejamos: O mundo confronta-se presentemente com duas guerras, - uma na Europa e a outra no Médio-Oriente. A 1ª decorre de uma agressão da Rússia contra a Ucrânia e a 2ª da reação do Estado de Israel primeiramente contra o ato terrorista do Hamas, que se degenerou num ataque contra o povo Palestiniano. Os efeitos da 1ª fazem-se sentir na carestia da vida sentida na Europa, enquanto a 2ª acaba de merecer, por decisão do Tribunal Penal Internacional (16.01.2024) a recomendação para Israel se afastar do percurso de genocídio do povo palestiniano pela forma como tem vindo a proceder. Estes dois acontecimentos, as partes neles envolvidas, as motivações que às mesmas subjazem, o ânimo e a forma como se desenrolam e as consequências até agora conhecidas permitem dar conta dos marcadores que irão determinar o provir da humanidade, se os povos, as Nações e respetivos políticos responsáveis não se reajustarem determinando-se e se orientando por valores éticos sociais de convivência humana num mundo que mereça a pena viver.

A mera ocorrência de guerras na atualidade, merece uma profunda reflexão no quadro de relação e convívio entre Nações, tendo por base o significado e o paradigma de vida contextualizado pelas exigências que a evolução da natureza e a formação humana pressupõem. Este processo assume particular relevância numa altura em que a demanda pelo respeito aos direitos humanos assume o ponto mais alto de exigência. "É preciso inventar novas palavras para este universo que faz parecer o mundo orwelliano um conto de fadas. A hipocrisia, a falsidade, a subversão de valores, a desumanidade, o engano, a demagogia, já não traduzem o que se passa nestes tempos de estertor imperialista". Sem questionar a valoração que certas grandezas como a soberania, a integridade territorial ou a autodefesa merecem, impõe-se, no entanto, a indagação sobre os limites da ação bélica, em matéria do estrito respeito pelo direito internacional, pelo acatamento das deliberações de organismos internacionais, nomeadamente a ONU e finalmente quanto à ética que deve imperar na relação social e comunitária. 

Militarismo, Religião e Política/Economia, são os 3 vetores que conjugadamente fazem perigar a humanidade quanto ao seu futuro. A) Sem por em causa a existência de um corpo militar e consequentemente uma produção  armamentista para efeitos meramente defensivos a nível nacional de cada País, a atualidade tem vindo a demonstrar que o militarismo, tem vindo a afirmar-se crescentemente como fator de desestabilização entre as Nações. Os Blocos Militares, enquanto materialização mais evidente desta tendência, assumem uma postura ofensiva, comprometendo por isso mesmo, a livre escolha de uma Nação, nele inserida, quanto à sua existência como país soberano. Nenhum país ou povo deseja a guerra. A evolução intelectual e anímica da sociedade humana globalmente configurada é adversa a qualquer conflito bélico. A guerra gera destruição, miséria, desgraça, e refugiados, jamais tendo resolvido qualquer problema que se propusesse resolver. O militarismo, enquanto teorização de controlo sociopolítico institucionalizado é responsável pelo permanente estado de tensão que opõem Nações entre si, bastando para tanto uma qualquer motivação para intervenção militar, envolvendo avultados custos a todos os níveis, materiais, financeiros e humanos. Se, por um lado, desfruta da maior parte orçamental do Estado, a verdade é que a indústria armamentista é o maior suporte  da força económica do país fornecedor, muitas vezes com fenómenos de corrupção à mistura, face às grandes movimentações de dinheiros que envolve. B) " A religião é o ópio do povo". Proferida isoladamente, a frase soa a rebelião e o anti misticismo. São, no entanto,  conhecidos e bem patentes os recentes dados, pouco abonatórios a cerca do intervencionismo das religiões, ora sob a capa de um chauvinismo doutrinário, ora sob a forma de um proselitismo missionário, ora sob a modalidade de um conformismo de vida em sociedade. A este considerando não escapa o Catolicismo (crf. a propaganda contestatária após o 25 de Abril e o monumento de pedras do Muro de Berlim à entrada de Fátima); as variantes do Cristianismo no apoio a candidaturas da extrema - direita); as organizações terroristas islamitas- sic. Daesh; Isis; Talibãs e outros) e as Teocracias, Reinos e ditas, "Republicas" ou Estados Islâmicos do Médio Oriente, Africa e e da Ásia; e ainda a mais recente ativação da "Hindutva", que pretende reduzir toda a realidade social e cultural da Índia com a supremacia do Hinduísmo sobre as outras religiões, nomeadamente o Islamismo e o Cristianismo. O problema da influência das religiões nas sociedades humanas é altamente melindroso e perigoso, já que foge ao controlo racionalizado do comportamento individual ou grupal, A determinante metafísica será sempre aceitável desde que não fanatizada. C) Se a política é a arte do possível, esta nunca deve ser de molde a atentar contra a idoneidade existencial de um regime democrático. Há pelo menos duas formas de o viciar - ora, deturpando o sentido político do social, adotando medidas do liberalismo descontrolado ou seguir a via de libertinagem comportamental, ora, sob a sua cobertura, formatar o autoritarismo político. Qualquer destas posturas é propícia a gerar extremismos de direita ou da esquerda, empurrando as sociedades e Nações para o descontrolo político, dando origem a desmandos, insegurança, formas de xenofobia e racismo sob o disfarçados de patriotismo ou nacionalismo serôdio.  Há pois que saber distinguir o trigo do joio. Foi invocando o socialismo que surgiram os autoritarismos, pela via de eleição, personagens como Hitler e Mussolini (mais recentemente o Narendra Modi, Benjamin Netanyahu). Seria caso para perguntar e indagar, se nesta vertente, o eleitor, ao lançar o seu voto, elegendo um determinado personagem político, terá ou não a sua quota parte de culpa no estado a que o mundo chegou.. Não é de descurar os caminhos que vão traçando o rumo a políticas do extremismo da direita, como sucedeu na Argentina (Milei) e ameaça acontecer na Alemanha. Nos EUA, a incoerência da política seguida por Biden, nomeadamente, ao gerar contextos de provocação e de tensão no estreito de Taiwan, sustentando o envolvimento da Nato, designadamente em paragens que nada tem a a ver com o 'North Atlantic' ou apoiando a "legítima defesa" do Estado de Israel, quando este tem n Resoluções do Conselho de Segurança da ONU por cumprir, (esta incoerência) tem vindo a ser ser capitalizada pelo republicano extremista Trump. Neste enquadramento, não passa despercebido que,  salvo raras exceções, uma grande parte, senão mesmo a maioria dos responsáveis políticos, está ligada ao grandes empresariado, ou seja ao grande capital, sendo que é à volta desta ligação que gira a vida económico/social, expressa no fenómeno de alta corrupção, envolvendo entre outras atividades, as transferências offshore. Esta contextualização é particularmente gravosa porque sendo quase generalizada, desde a Europa, passando pelas Américas e atingindo Àfrica e o Extremo Oriente, tem ramificações numa grande parte das elites políticas ou economicamente dominantes dos países em desenvolvimento.

O mundo vive inquieto. Aqui chegados, torna-se por isso mister indagar o que falhou e como é possível readquirir material e animicamente o sentido de uma vivência tranquila e feliz. É sabido que nem sempre as coisas correm de feição desejada, mas nada legitima que daí se enverede pela via de conflito e violência. Impõe-se que se respeite a inteligência humana, se considere a atualidade do séc. XXI e a dignidade do direito humano à vida.

O homem é, por natureza, um ser gregário e frui do direito ao convívio e o bem estar. Neste sentido tudo o que contribua para o antagonismo ou o choque entre as Nações, povos e comunidades tem de merecer impiedosamente a nossa rejeição.   Este axioma pressupõe à partida, duas determinantes para a ação: *o repudio de blocos politico/militares e de guerra e  * a propulsão de confiança entre as Nações. Significa isto, o desencadear de uma ativa frente político - diplomática para o desanuviamento, o controlo e contenção nos gastos de estrutura militar e do armamento pela exorbitância quantitativa que demanda. Neste contexto, atendendo ao importante papel que qualquer religião exerce no seio de uma Nação, é de se ter em conta  que a sociedade humana atingiu uma maturidade e uma consciência longe do passado, onde a crença no sobrenatural se confundia com a organização sociopolítica e/ou Estado; quando um monarca só se legitimava com o beneplácito de um chefe religioso. Impõe-se por isso pôr termo a um certo reavivar da barbárie fanatizada do passado. Neste âmbito, cabe aos responsáveis religiosos, onde tal fenómeno ocorre, exortar que os ensinamentos da religião, mais do que controlar ou assumir-se politicamente, apontam basicamente na elevação ética do próprio crente e pela paz entre os homens. Chegados ao séc. XXI, é altura da Humanidade se conciliar consigo própria, enveredando pela via de dialogo e negociação para solucionar qualquer que seja a natureza da divergência de opinião. Trata-se de uma tarefa hercúlea, que além de boa vontade exige uma diplomacia não viciada e políticos impolutos e  descomprometidos. A globalização, a facilidade de comunicação e troca entre Nações, vieram determinar parâmetros inovadores para as economias em confronto - a capitalista e socialista. Esta situação acabou por ter influência na relação social e inerentes perspetivas no modo de vida. O que parecia incontroverso há umas décadas atrás, já é ou pode ser hoje posto em causa.


quinta-feira, 31 de agosto de 2023

INTERAÇÃO: Política/Religião - perigos

É um tema melindrosa. As Nações, tal como hoje as conhecemos, forjaram-se do incessante anseio do homem na busca de um equilíbrio para a sua vida. Tratou-se, sem dúvida de uma luta, pela sobrevivência ou para conquista do espaço vital e poder, mas quase sempre à custa de derramamento de sangue, com pleno cabimento da máxima “homo homini lupus”.  

Hoje o homem atingiu uma maturidade de qualidade apreciável, longe do barbarismo e da incipiente formação cultural que caracterizou as mentalidades do passado, onde a crendice, mais tarde a religião se confundia com a organização sociopolítica e/ou o Estado, quando um Chefe só se legitimava sob o beneplácito de unção de uma autoridade religiosa.

Hoje, documentos subscritos mundialmente, como: Declaração Universal dos Direitos do Homem; Carta das Nações Unidas; Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Políticos; Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais; Convenção Europeia dos Direitos do Homem; Carta Social Europeia, asseguram a existência de Nações, onde a organização social assenta na materialidade das condições que a natureza proporciona e a legitimação do poder dimana  da expressão livre de vontade do núcleo populacional a que respeita - “A Deus, o que é de Deus, a César o que é de César”. Estava dado o passo da separação entre a Política e a Religião – o prenúncio da natureza laica de um Estado Democrático.

Ventos preocupantes, estão a reavivar o retorno à barbárie fanatizada  do passado. É o caso das Repúblicas Islâmicas, do Estado Judaico ou a infusão de encapotada ideologia nacionalista como a Hindutva na Índia ou ainda do envolvimento da Igreja Evangélica nas candidaturas políticas de Donald Trump e Jair Bolsonaro.

Por estranho que pareça, a  expressão “religião é ópio do povo” virou atual, no sentido da religião se entrosar com o poder político, gerando instabilidade social, medindo o Estado e a moral social pelo figurino religioso, culminando na violação dos direitos humanos e fustigando a democracia.

Todo o cuidado será pouco se não se agir a tempo, sob pena de contágios.

18/07/2023

António Bernardo Colaço – Juiz Conselheiro do STJ - jubilado

Av. De Berlim – Torre 1 – 4º Dtº - 1800-039 – Lisboa

T: 917321330/218535009. 

segunda-feira, 4 de julho de 2022

24.05.2022 – Ucrânia – Três meses antes

- Em 2017 escrevi - “Sempre se dirá, pois, que a instabilidade gerada com a violência jamais pode ter um efeito positivo. Ânimos exaltados, medos e ódios incontidos, a ferocidade de vinganças e respostas opressivas correm o risco de dar lugar a contra violências, fustigando e eliminando o que de mais belo existe e se inscreve na consciência social - uma vivência produtiva e não destrutiva” – (Ontem e hoje – Reflexões sobre a pena de morte –in. Seara Nova - nº 1739).

 Reportado ao caso ora em apreço, subscrevi um pequeno texto sob o título “O erro e a culpa de Putin”, onde criticava a triste sorte que subitamente se abateu sobre milhões de cidadãos ucranianos - crianças, idosos, mulheres e homens.

 Agora, a esta distância de tempo, o prolongamento da “intervenção militar especial” suscita um conjunto de interrogações sobre o que afinal, “move” a Rússia. Apresentam-se três motivações:
 a) a existência das duas auto - proclamadas Repúblicas Russas em território ucraniano – Donetsk e Lugansk – na região de Donbass, no Leste (fazendo fronteira com a Federação Russa) -, maioritariamente compostas por população de origem russa. Na ótica do governo russo, esta situação legitimaria, um relacionamento com as Repúblicas, culminando no seu reconhecimento e anexação à Federação em maio de 2014, tal como acontecera em março com a anexação da Crimeia e Sebastopol - no mar Báltico/Mar de Azov.
b) a pretensão de “desnazificar” o setor militar, representado além do mais pelo Batalhão Azov, bem como na crescente impregnação da sociedade ucraniana destes valores, daí a intensidade e extensão da destruição dos bairros residenciais construções e aldeias.
c) a crescente expansão da NATO, em ameaça de segurança da Federação Russa, o que se traduziria num crescente perigo belicista atendendo aos constantes exercícios que leva a cabo precisamente nas imediações fronteiriças da Federação.

 A “intervenção militar especial” e a guerra

 Estes seriam os 3 fundamentos - base para a intervenção militar especial. Trata-se, porém, de uma mera explicação que não preenche o requisito de justificação convincente em pleno séc. XXI, quer do ponto de vista do ditame de convivência pacífica entre as Nações, quer pela razão jurídico-internacional, quer finalmente em homenagem ao princípio de solução de diferendos entre Nações pela via de diálogo político-diplomático.

 Como ponto de partida discursivo, e relativamente ao 1º dos motivos assinalados, atente-se na seguinte hipótese meramente académica: suponha-se que Elvas, fosse ao longo dos tempos, maioritariamente ocupada por espanhóis, e, na eventualidade de ocorrência aí de um conflito algo duradouro, mesmo violento, pergunta-se: Tal situação legitimaria que o Reino de Espanha invadisse Elvas e o espaço circundante? Qualquer solução do problema teria que ser procurado em Portugal, com o envolvimento da autoridade portuguesa. Uma intervenção espanhola, em qualquer medida, seria, no mínimo, abusiva, e a incursão militar em terreno português, simplesmente invasiva. É tão simples quanto isso. Entraríamos no domínio de agressão militar.

 No caso que ora nos prende, a auto proclamação das duas pretensas Repúblicas em pleno solo ucraniano, maioritariamente compostas de russos, mesmo assumidamente cidadãos russos, em nada legitima a “intervenção militar especial”. Um tal procedimento viola a soberania da Ucrânia e o direito internacional pela agressão militar. E não é preciso ser doutorado para se chegar a esta conclusão. Qualquer solução, mesmo que tal pudesse envolver a participação do governo da Federação Russa, caberia ao governo da Ucrânia.

 Ainda neste contexto fala-se do tratamento agressivo e de incursões militares ucranianas nos espaços das ditas Repúblicas. Admitindo por suposto que o contexto em causa descambava para a resistência ‘independentista’ outro não poderia ser o seu desenvolvimento – resistência passiva; luta de guerrilha; pressão diplomática - no estrito contexto do território ucraniano, sem qualquer intervenção estrangeira.

Não existindo motivo para a ‘intervenção militar especial’, tendo em conta o tempo por que a mesma tem vindo a durar, com o ror de destruição de construções, habitações e outras instalações, provocando inesperadamente O ÊXODO DA POPULAÇÂO e INERENTE SOFEIMENTO, tal intervenção transformou-se numa de belicismo não declarado – significando, como se referiu, uma agressão militar ou usurpação territorial. 

 Quanto ao 2º motivo, o propósito de ‘desnazificação’, salvo o devido respeito, não preenche o requisito que justifique a violência de uma tal intervenção. Fosse este o caso, e seria de devolver o repto, para começar a operação na própria Rússia, onde a existência de neonazis é um dado comprovado. 

 É certo que Volodymyr Zelensky, profissionalmente um comediante televisivo sabe apresentar-se e representar, mas, para quem proibiu 12 partidos políticos de oposição, é algo difícil encapotar-se de democrata e que a Ucrânia a que preside, e que se identifica com os valores de uma União Europeia ou que é aí que se joga o destino desta. Mas, mesmo esta postura do Zelensky, afigura-se-nos de pouca valia para justificar a intervenção militar russa. O mundo está de autoritários e otários em roda livre: veja-se o comportamento da junta militar de Myanmar e o o controle de Afeganistão pelos Talibãs.

 No tocante ao 3º motivo, é um dado assertivo que a NATO anda a expandir-se (cfr. John Maersheimer; José Zarrille; Maj/Gen Branco, Mário Soares, Michael Brenner, entre outros). Esta organização surgiu no rescaldo da 2ª GG, para certos países de capitalismo monopolista, capitaneados pelos EUA e Inglaterra para se protegerem, alegando defesa, não contra futuras aparições do nazismo, mas da URSS – socialista, que contribuiu decisivamente para a derrota do Hitler. É bom saber que foi o bloco militar da NATO a dar origem ao subsequente PACTO DE VARSÓVIA e não ao contrário. Estavam, no entanto, criadas as condições para um constante estado de tenção entre dois blocos – o capitalista e o socialista cuja expressão acabada seria a chamada “guerra fria”. Subjacentemente a economia capitalista estava a precaver-se da competição da crescente economia socialista. Dava-se assim, o passo, para os eventuais conflitos entre as Nações, apoiadas ora por um, ora pelo outro, serem resolvidos não tanto por via de diálogo, mas prioritária e ameaçadoramente pela via militar. Desaparecida a URSS, e com ela o Pacto de Varsóvia, permaneceu a NATO. Porquê? Contra quem? Em 27.05.1992, em Paris, foi consagrada a “Acta Fundadora sobre as relações Mútuas, Cooperação e Segurança entre a NATO e a Federação Russa”, o que aparentemente propiciou um clima de desanuviamento. É certo que após o desmembramento da URSS, houve países socialistas e algumas Repúblicas socialistas da URSS (Roménia, Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Lituânia, Estónia, Letónia, e ainda a candidatura de Albânia, Croácia e Macedónia) passaram a integrar a Nato perfazendo cerca de 40% dessa organização. Mas, se a tensão continua a existir a verdade é que daí não existe prova de ter tem surgido qualquer ameaça efetiva para a integridade da Rússia. 
Do que se tem vindo a observar, dos efeitos que tem vindo a causar e não se sabendo se se está no princípio ou no seu termo, quais são os índices para distinguir a “intervenção militar especial” de uma guerra? 

 Indaga-se: 

 E a conjugação destes 3 motivos seria de molde a justificar a guerra, nos termos em que está a ser levada a cabo? No presente momento da humanidade, o estádio alcançado da civilização e de cultura, após os exemplos e experiências de mais pura agressão ocorrida, dispondo hoje de as instituições internacionais e instrumentos jurídicos e políticos disponíveis, nada abona em favor de uma guerra. A guerra mata e destrói. Destruir para reconstruir não tem sentido de espécie alguma.

 Como entendo o que está a acontecer? 

Uma coisa é certa. Nenhum dos intervenientes ou envolvidos no conflito, na guerra advinda e no desenvolvimento que a mesma presentemente assume, está isento de culpa. i) - Começando pelos que personificam o acontecimento, já acima deixamos expresso em termos gerais a sem razão da Rússia, tendo por protagonista imediato Vladimir Putin, que tinha por obrigação não enveredar por este caminho bélico dando origem à destruição maciça que vem divulgada. Qualquer opinião que no futuro se forme e se atribua à Rússia, esta guerra figurará seguramente como ponto de referência. Aliás os efeitos políticos (que tanto podem ser bem ou mal-intencionados) já se fazem sentir, como é o caso da Suécia e Finlândia. É interessante ver, a este propósito, Israel a não se protagonizar, apesar de, num 1º momento ter tentado servir de interlocutora de apaziguamento. Sem dúvida que esta aventura de Putin poderá servir de antecedente e modelo para legitimação das usurpações de terras palestinas pelos colonos judeus. ii) - À Zelensky fica a dever-se o desgoverno do seu próprio país, dando guarida à uma crescente onde de extremistas de direita, culminado no Batalhão Azov, nunca desmentido pela sua afeição ao neonazismo. Tal estado de espírito foi direcionado e hostilmente investido durante anos contra as duas autoproclamadas repúblicas russas em território ucraniano, atiçando o ânimo e o amor próprio russos. Porém, Zelensky longe de procurar encontrar uma abertura na base de negociação (como ocorreu no conflito de Vietnam, as negociações nunca cessaram no aceso da guerra) para evitar o prolongamento da destruição do país e o sofrimento e o deslocamento da população, tem vindo a fazer um teimoso e egoísta apelo às armas, para levar a guerra às últimas consequências. A sua permanente apetência à visualização televisiva tornou-se cansativa, repetitiva, algo confuso no raciocínio discursivo e nos dados que fornece. Faço votos para que os ventos não mudem e que não passe à situação de vilão pela teimosia de que se acha inquinado. iii) -A imprensa em Portugal, no que respeita à informação de cariz democrático por que Portugal devia primar, enveredou pelo campo de uma intoxicante propaganda pro-ucraniana, faltando uma imparcialidade objetiva, apenas explorando o ego televisivo de Zelensky. As emissões televisivas e o “comentário” jornalístico (cfr. Rogeiro/Milhazes) tornaram-se cansativos, e tem apenas contribuído para a indiferença do espectador. Para o unilateralismo com que nos brinda, pouco falta para tomar o partido do Batalhão Azov. iv) – Quanto aos EUA, patrono da NATO, não cansada de exportar a guerra e insegurança para os outros quadrantes de mundo (Iraque, Líbia, Síria, Iémen, Afeganistão, golpes de Estado) e presentemente em guerra consigo própria (cfr. os assassinatos nas escolas e outros locais) envolveu-se já na guerra na Ucrânia. Ao enviar abertamente armamento para Ucrânia, sabe-se claramente que o mesmo é da NATO, precisamente o bloco que é contestado pela Rússia. Alguém de boa mente pensa que algo de positivo pode resultar desse gesto? Se tal não é provocação, então o que é? Os próximos tempos falarão por si. v) – A EU, em matéria dedefesa, sendo um produto derivado, na estrita dependência da USA, encontrou a via enviesada de ‘sanções’ para tolher a capacidade belicista da Rússia. E vá daí, pouco se importando com as consequências para as suas populações, deliberou suspender o fornecimento de gás natural proveniente da Rússia. Ao que é indicado cerca de 80% da população europeia depende desse bem para os seus gastos. Uma tal suspensão faz parte de um conjunto de sanções que a EU entendeu aplicar à Rússia pela guerra a que deu origem. Será que tal não reverterá contra as próprias populações da Alemanha, os países nórdicos e o resto da Europa, sobretudo com a aproximação do Inverno?
 No estado algo despersonalizado da EU, como concilia a sua crítica de crise alimentar do mundo por falta de escoamento de trigo ucraniano quando é ela própria a impor sanções económicas ao povo russo? 
 Os peões no xadrez: 

 @ Zelensky - É certo que Volodymyr Zelensky, sendo um comediante profissional televisivo soube apresentar-se e caldear bem a sua voz para transmitir as mensagens enquanto Presidente e isto, com prejuízo da publicidade da sua promoção, pelo menos enquanto ator, estar ligada ao oligarca ucraniano Ihor Kolomoisky e aos rendimentos offshore a que aludem os Panama Papers. No entanto é bom não olvidar o tipo da democracia que defende, ao proibir todos os partidos da oposição, a ponto do nosso 1º Ministro ter sido impedido de contactar o seu homólogo partidário na Ucrânia. 

 Zelensky, assegura que irá vencer, reenviando as tropas russas para fora do território ucraniano. Para tanto depende, no entanto, do apoio militar dos EUA e indiretamente da NATO. Estes já prometeram enviar misseis que grande alcance que embora tenham a potencialidade de atingir Rússia, confiam na promessa de Zelensky em como não serão usados em território russo, pois se tal acontecesse seria um alastrar algo indefinido do conflito. Mas… uma vez na posse desse armamento, a promessa ‘será cumprida? E se não for cumprida, o que pode daí advir?

 Será que a continuação da guerra, mesmo com o epílogo que Zelensky augura, trará segurança ao já martirizado povo ucraniano, facilitará o seu realojamento, a reconstrução dos prédios bombardeados, a retoma dos serviços públicos, a recuperação económica? Zelensky tem ou deve ter a perfeita noção de que mais armas são sinónimo do prolongamento da guerra em si devastadora e um tal desígnio pode não estar naquilo que o povo deseja já nesta fase adiantada do conflito. Longe de contribuir para o surgimento de um nacionalismo ucraniano, corre-se o risco de levar à população à depauperação e à destruição da Ucrânia. Quanto ao Zelensky o feitiço pode virar-se contra o feiticeiro. Espanta-nos que em quase todas as suas intervenções televisivas, o sofrimento do povo e as exasperantes deslocações dos milhões de ucranianos a fugirem e refugiarem-se noutros países, não tenha merecido grande relevo quando comparado com o doentio apelo às armas. Ressalva-se a sua crença eventualmente oculta, mas quimérica de ver a destruição da Rússia e ficar na história como o ter dado origem a uma III Guerra Mundial, e nuclear ou a destruição da Rússia. 

 @ Putin

- Porém, o papel moralizante que Vladimir Putin diz assumir, nada tem a ver com o socialismo. Com efeito, a sua ligação ao partido comunista da Rússia havia cessado, segundo o próprio assume, em 1991, com a desagregação da URSS. Por esta altura, e sem prejuízo da existência do PCUS, participou, juntamente com Boris Yeltsin na criação do Partido - Unidade, mais tarde denominado Rússia Unida, com a característica centralista, amante de valores tradicionais, conservador, assumidamente nacionalista. E é por esta senda que o sistema russo tem enveredado.

 O que caracteriza, pois, a Rússia neste momento, não é qualquer veleidade que se possa atribuir ao socialismo ou os seus propósitos, mas sim o dispor de uma máquina militar e poderio que herdou da ora inexistente URSS e que é usada para alcançar precisamente o objetivo hegemónico que é apanágio de forças neoliberais onde também se inclui a NATO. Se assim for, um está bem para o outro, são os compadres que se zangam.

 A guerra assume a natureza de um gesto aventureiro. Até ao presente ninguém sabe como e quando irá terminar. Enquadrado numa confusa alusão à antiga União Soviética, Putin conseguiu despertar a animosidade do mundo neoliberal e uma pontual compatibilidade nas pretensões e decisões da EU, do que resultou uma voragem de envio de armamento à Ucrânia e de imposição de sanções económicas à Rússia.

 @ a comunicação social

 - Infelizmente, as TVs, a imprensa e outros meios de comunicação social, ao noticiarem, tomam a posição algo unilateral como se a natureza dos intervenientes – Ucrânia e Rússia fosse distinta. Nada de menos certo. Ao criticar-se Rússia, terá que se criticar com o mesmo critério a Ucrânia, nunca olvidando a função fundamental dos meios de comunicação social é a de informar o leitor com objetividade, ou seja, com verdade. Sem pôr em causa que estamos perante uma invasão bélica da Ucrânia pela Rússia, caberia à comunicação informar o desenvolvimento do conflito reportando-se aos dois intervenientes. Urge neste domínio fazer referência aos meios utilizados pelas partes para os objetivos a alcançar, sob pena de, no afã de uma informação de “uma só via” acabar por se alinhar e dar razão aos atos das próprias formações humanas nazis, configurando-as como bem-comportadas.

 @ ao papel e a posição da União Europeia 

 Por sua vez a EU, na base de uma organização em equilíbrio instável assente na trave com uma argamassa algo inconsistente acabou por ser vítima da sua própria fragilidade entregando-se quanto ao seu destino, às mãos da todo-poderosa USA, esta sempre acenando com o seu braço armado - a NATO -, para o que qualificada os europeus de ‘aliados’ nas suas diatribes e aventuras de guerra. É assim que se assiste algo estranhamente ao gesto estulto das sanções da EU contra a Rússia que a curto médio prazo afetarão inelutavelmente os próprios países que a compõem nomeadamente ao nível das populações e da produção industrial. É o caso suspensão do Gasoduto Nord Stream 2. Cedo ou tarde a EU terá inevitavelmente que fazer marcha atrás nesta decisão, já que não terá sido a Rússia a tomar a iniciativa de cortar o gás à EU, mas sim esta a suspender a compra como medida económica de retaliação. Aguardemos as se consequências. Uma questão em aberto é a candidatura de Ucrânia parte integrar a EU. Ser candidato não é o mesmo que ’fazer parte’. Será que, neste momento, este país, por tudo quanto acima se referiu, está em condições de preencher estas condições? Países há (Moldava, Geórgia, Albânia, Macedónia Norte, Turquia) que aguardam anos para alcançar esta candidatura! Vejamos, o que o futuro reserva nesta matéria.

@ ao envolvimento dos EUA

Quanto aos EUA, por óbvio, nada de novo há a acrescentar. Mais uma vez encontra a Europa como o polo para a instabilidade, o conflito e a guerra, tudo com o objetivo de afastar estes inconvenientes do seu próprio terreno, e visando colocar a Europa cada vez mais na sua dependência económica e de segurança (defesa). O envio desmensurado de armamento para Ucrânia, visa não tanto a salvaguarda da soberania ucraniana, mas sobretudo o arrastar a guerra ao ponto de ver enfraquecidas as forças russas, essas que juntamente com as chinesas constituem um osso duro de roer. Aliás a recente declaração de Biden relativamente a Taiwan, é assaz significativa.

 O que há a esperar disso tudo?

O envolvimento da Rússia nesta guerra é cada vez mais intenso, o que nos leva a indagar sobre os motivos dessa atuação, e quais os propósitos que visa alcançar. O relacionamento Ucrânia – Rússia, nunca foi pacífico particularmente a partir do momento em que se começou a gerar um acasalamento paulatino entre a Ucrânia e a NATO em matéria do know-how bélico, que viria a ser utilizado além do mais nas duas autoproclamadas Repúblicas de Donetsk e Lugansk. Não se pode por isso dizer-se que não tenha inexistido um certo atrito entre a NATO a Rússia, no meio do que a Ucrânia figurou como um peão adminicular. É, pois, expectável que a Rússia enquanto potência, não se deixe ficar para trás e por outro, procure eliminar toda base que possa vir a suportar a Nato nas suas cercanias. Não será de admirar que a Ucrânia seja repartida em dois – uma virada para o ocidente outra para o oriente.

Concluindo

Em nosso entendimento, a via de negociação político/diplomática, quanto antes e sem condições prévias, é a única possível, para que o horror multifacetado não se vá alastrando. Nesta perspetiva não tem de haver qualquer cedência de qualquer das partes (no caso, na perspetiva de Ucrânia): - mais armamento; - mais resistência; mais destruição; - crescente infortúnio e sofrimento da população. Entende-se a situação dilemática de Zelensky quando confrontado com o sofrimento do seu povo, coloca-se em simultâneo a questão da defesa de soberania e a ânsia de não alienação do território nacional. Mas é uma opção ou tomada de posição que Zelinsky terá que fazer, e assumir a devida responsabilidade face à presente incerteza do epílogo desta malfadada guerra. É óbvio que as armas que pede tem o seu custo económico, e por cada dia que passa maior é a destruição das suas infraestruturas e de acervo imobiliário, a contento das empresas de construção sempre disponíveis para tirar o proveito económico da reconstrução. Do rescaldo fica o comportamento da Rússia, ao não divulgar afinal o que pretende com este arrastar da guerra e o ponto até onde irá. E é nesta incógnita que gravita a oposição aos seus desígnios, proveniente não apenas do povo ucraniano – este sempre o mais prejudicado e sofredor, como também do povo russo e de uma boa parte dos povos do mundo, que, apesar das diatribes politico/bélicas da NATO, das potências neoliberais e de regimes políticos de fanatismo religioso e tribalista, se movimenta com a confiança e pugnando, já no séc. XXI por um mundo mais humano, conciliador e solidário. É tempo de ao “homo homini lupus” se substituir ao “homo humanus”.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

O ERRO E A CULPA DE PUTIN

 

                                                   O ERRO E A CULPA DE PUTIN

Desde o início da guerra na Ucrânia, tem sido exuberante a panóplia de artigos, opiniões, sugestões, pareceres, declarações e comentários de mais variado timbre, na generalidade condenando o estado bélico a que vimos assistindo. Os meios de comunicação social, têm, por sua vez, se esforçado para transmitir a realidade possível deste estado de tensão que afeta as pessoas amantes de paz, particularmente na Europa.

Três são as linhas de juízo para este entendimento. A subitaneidade desta guerra; depois, a proximidade do conflito e as grandes e desastrosas proporções que atingiu e ameaça atingir ainda mais, e finalmente, a conotação que ainda se faz da atual Federação Russa com a URSS, já inexistente desde 1991. A Rússia, faz parte, isso sim, da ampla família de estados de economia liberal da Europa e da América.

Olhando para o mapa da Europa, é flagrante a União Europeia e alguns países que integram a NATO bordejarem a Federação Russa há anos. À parte a endógena provocação que constitui a mera existência de qualquer bloco bélico militar como a NATO, não há notícia de qualquer hostilização direta resultante deste contexto.

Em 1999, Vladimir Putin, sucedeu a Boris Yeltsin, poder esse, que ainda hoje mantém. Durante todo este tempo, a Rússia esteve rodeada da EU e da NATO. Quaisquer motivações que possam ser apresentadas para explicar a “operação militar especial”, não se descortina, todavia, culpa do povo ucraniano neste domínio, jamais poendo Putin justificar esta intervenção militar obrigando famílias inteiras a fuga das suas casas, ora pelo medo, ora pela sua destruição por bombardeamento.

Em pleno séc. XXI, na fase de evolução em que a sociedade humana se encontra, a solução da inquietude social jamais pode passar pelo ajuste de um choque armamentista, com todos os perigos que um tal contexto comporta, nomeadamente os decorrentes da arma nuclear (mesmo afastada qualquer intencionalidade do uso “do nuclear”, basta apenas cogitar num possível erro de estimativa, para avaliar o perigo subjacente numa guerra. É altura de relembrar Albert Einstein quando cogitava que, se a III guerra mundial for nuclear, a IV será com calhaus e varapaus).

Nenhum país ou povo deseja a guerra. Sabe-se que esta implica o uso de armas para matar. Ninguém quer morrer. A evolução intelectual da sociedade humana globalmente configurada é adversa a qualquer conflito bélico. Em termos civilizacionais é o diálogo e a diplomacia que imperam.

Mas a tragédia repete-se com a Ucrânia, que nem é mais grave nem menos grave que a daqueles povos que foram ou continuam a ser vítimas das ambições político militaristas materializadas em Blocos ou Pactos, como o foram a Coreia, o Vietnam, o Afeganistão e mais recentemente o Iraque, a Líbia, a Síria o Iémen, pródigas também em migrações e mortes, envolvendo mulheres e crianças!

E aqui ressude a grande falha de toda a estratégia político-militar de Putin, ao descurar, mais uma vez, esta comsequência marcante neste conflito. Mesmo concedendo que se possa tratar de um dano colateral, a verdade objetiva é que se trata na realidade de uma ação criminosa contra a humanidade. Nos moldes em que a operação militar russa se tem desenrolado, se Putin não previu este êxodo, tinha por obrigação prevê-la, com a necessária antecedência. E a prova disso está precisamente, na circunstância de só tardiamente, decorridos cerca de 15 dias sobre os bombardeamentos e já depois de mais de 2 milhões de ucranianos se verem forçados a procurar outros acolhimentos na base de um futuro incerto, com destaque para as mulheres e crianças, só então se ter proposto a autorizar corredores para os deslocados se refugiarem em paragens que desconhecem.

Faço votos para que ainda se vá a tempo de evitar uma maior catástrofe.

 

Lisboa- 14/03/2022

                                                       António Bernardo Colaço

                                                     (juiz-conselheiro do STJ – jubilado) 

                 

segunda-feira, 4 de abril de 2022

PLANETA TERRA- Sete(7) Condições INTERCOMUNICANTES para a sobrevivência (habitabilidade) da humanidade.

 Título: PLANETA TERRA - Sete (7) Condições INTERCOMUNICANTES para a sobrevivência (habitabilidade) da humanidade.

Autor: António Bernardo Colaço.

Profissão: Juiz-Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça – Jubilado

Endereço: - Avenida de Berlim – Torre 1 -4º Dtº - Olivais -  1800-039 Lisboa – Portugal

                   - e-mail: pimentelcolaco@gmail.com

Conteúdo: - Estudo da forma compósita na abordagem da questão supra titulada.

 Destino: - informação 

                 - Publicação permitida e autorizada.               

Data: 30/0172022

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                                                             PLANETA TERRA

                       Sete (7) Condições INTERCOMUNICANTES para a sobrevivência (habitabilidade) da humanidade

 

Breves notas sobre o conteúdo e a finalidade do escrito. 

Assiste-se presentemente a uma movimentação intensa, diria mesmo sem precedentes, das populações para evitar a exterminação humana e o perigo de um descalabro do Planeta Terra.

Subjacente a esta materialidade, estão os sentimentos de insegurança, a instabilidade de vivência, o sofrimento das nefastas condições materiais do quotidiano, a inexistência de confiança num melhor futuro e particularmente uma crescente tendência para a desumanização.

 – “Homo homini lupus” parece ser o lema. A isto, contrapõem-se as promessas mirabolantes por um mundo melhor, mas que nunca conheceram realização prática e as boas intenções de estilo, que, de antemão se sabem, a nada conduzem.

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São conhecidos congressos, cimeiras, acordos, pactos, conferências e outras movimentações do género visando tornar o Planeta Terra mais habitável. Sabe-se também que, há mais de uma década, pouco de positivo se tem alcançado para este objetivo. Mas promessas não faltam, como também não faltam os protestos a comprovar a vaguidade daquelas realizações e a sua quase nula valia. E porquê?

É que na sua grande maioria, cada participante nestas realizações, está limitado pelas orientações que leva do respetivo governo. Assim, mais não faz senão representar a carga político-económica ao nível nacional – é o mesmo que dizer que, tudo se esgota na defesa da produtividade industrial num contexto de acesa competitividade económica. Resumindo, a política de “fumos densos de altos fornos das fábricas” sobrepõe-se quando confrontada com a defesa do clima.   

O presente trabalho não irá mencionar nomes de personalidades a assacar responsabilidades, gesto que, está comprovado, a nada conduz. Estas não passam afinal de meros servidores de ideários criados visando alcançar metas que satisfazem objetivos a satisfazer conjunturalmente. Por isso, se a responsabilidade é de todos, ela envolve particularmente os que detém o Poder. De igual jeito, parte-se do princípio que, os fenómenos que dilaceram e põem em causa a estabilidade da vida nos diversos países, sendo sentidos correspondentemente, são por demais conhecidos do cidadão do mundo – tanto por aquele que sofre, como por aquele que assiste aos mesmos impotente para os obviar. O cidadão do mundo, sabe, a proveniência do mal e a quem o atribuir. Qualquer menção a ser feita a este propósito, sê-lo-á apenas a título meramente argumentativo.     

O objetivo deste trabalho não é, pois, acusar, mas procurar resolver o nefasto, tornando a vida mais apetecível de se viver, onde quer que se viva. 

A questão-base que se coloca reside na iminência da destruição de pressupostos em que assenta a sobrevivência humana e a utilidade, senão mesmo a existência do planeta Terra tal como a desejamos.  A prática paulatina e gradual de atos de destruição, não obstante os

 

pedidos e recomendações para a sua contenção, prossegue progressivamente e impiedosamente, a olhos vistos. Os seus efeitos devastadores vão sendo sentidos ao longo do quotidiano da vida humana, acenando a destruição final daqui a umas décadas, se não se travar aqui e agora esta sanha destruidora.

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Estamos na 3ª década do século XXI e tudo o que é feito e praticado é-o invocando a Democracia e a Civilização – uma proclamação quase unânime das Nações. Mas a verdade é que nada de quantitativamente com significado, correspondente àqueles valores é realizado. Tudo fica pela rama, no plano de propósitos e/ou de promessas. Se se quiser e para dourar a pílula, dir-se-á que por cada gesto aparentemente conducente a contrariar o fenómeno de destruição geram-se em simultâneo n situações a neutralizar o feito.

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É do sistema. Mas que sistema? O ditado pelo Capitalismo? Pelo Socialismo? Ou pela simbiose dos dois? É sabido que tanto um como o outro são sistemas económico-financeiros para gerir sociedades humanas formatadas em Nações. Teoricamente ao primeiro seguir-se-ia o segundo, mas a realidade atual do mundo, apresenta-nos um quadro em que i) os dois coexistem, e, ii) pese embora com tonalidades e cambiantes variáveis de país para país.  

Deste contexto estrutural conjeturou-se uma divisão do mundo em 2 blocos – o capitalista e o socialista, baseado nas apetências de predomínio de natureza económica, constatando-se presentemente uma majoração numérica do primeiro. Esta é a realidade com que ainda hoje se continua a deparar. Poderia não ser assim, se cada país se confinasse ao desenvolvimento económico da sua própria gente, numa partilha racional do excedente da sua riqueza com os demais países. Mas se assim fosse que utilidade ou qual seria necessidade para a existência da política de Blocos?

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Na atual fase do desenvolvimento mundial, esta ficcionada existência de Dois Blocos, assente no predomínio económico está estigmatizada por uma vertente política, do que resulta um permanente estado de tensão bélica – única forma de animar a produção económica, nomeadamente a rendosa indústria de armamento.

No propósito para fundamentar este estado de coisas, não faltam teorizações de mais diversa índole para maximizar perigos que não passam de pormenores adminiculares ou para justificar o injustificável.  

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 Por todo o lado pululam movimentações e protestos contra a instabilidade vivencial que afeta todos os países do mundo. As populações vivem em constante insegurança e tensão emocional, pela contingência produzida pelos reais conflitos regionais e a ameaça de guerra que podem inesperadamente surgir em qualquer ponto do mundo.

 

 

 A máxima “homo homini lupus “, nunca esteve tão sorrateiramente a fustigar a vida humana como agora.

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Em termos globais a Natureza, aparte os seus ajustamentos de estrutura universal, limita-se a acompanhar a estultícia humana, registando apenas as suas consequências, que cedo ou tarde far-se-ão sentir, segundo o prognóstico de cientistas.    

                                                            

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O QUE FAZER? Eis a questão.

O problema de defesa do Planeta e, mais explicitamente, da sobrevivência humana com dignidade, depende, em nossa ótica, de um conjunto de fatores ou condições que passaremos a abordar sinteticamente. Até agora, tem-se assistido à abordagem dos mesmos, individual ou isoladamente, perdendo-se a imposição de uma abordagem compósita, que é essencial para um entendimento mínimo desta complexa questão.

Como já referimos (e tornamos a insistir), neste processo de apreciação iremos fugir à tentação de qualquer menção ou crítica quer às organizações, quer a realizações quer às personalidades ou entidades, envolvidas nesta problemática, pois o que se pretende é não demolir ou afastar, mas alcançar uma postura proativa na resolução dos problemas que afligem a humanidade ameaçada, de todos abundantemente conhecidos.

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O trabalho assenta em simples traves -mestre, que visam fundamentar o tão desejado êxito das tentativas por um mundo mais digno para ser habitado, mais solidário na verdadeira aceção da palavra, mais humano. Obviou-se a referência estatística, por se tratar de um elemento facilmente captável através de publicações disponíveis.

Ao optar pela infusão de ideias-força, evitando considerações acrescidas e marginais, procurou-se deixar a cargo do destinatário – entidade política responsável ou o leitor – o ónus de meditar sobre cada frase, extrair o seu sentido em conformidade com a sua formação cultural e sentido de ética social, aferir as consequências dos ‘feitos’ até agora alcançados e traçar o rumo para o futuro da comunidade universal. No entanto, será fácil e frequente localizar as contradições da atividade dos responsáveis políticos, mas em simultâneo, vislumbrar o indicador que pode decisivamente contribuir para repor um convívio saudável entre os povos que habitam o mundo.    

 

Dada a complementaridade ativa das ideia-força, apreciação e análise das quais se segue, o destinatário, irá encontrar referências repetidas a aspetos, contextos e fenómenos. Ao seguir uma tal metodologia, visou-se apenas dar realce a intercomunicabilidade entre as atitudes que se impõem envolvendo ações que só resultam no formato conjugado e nunca isoladamente.      

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                  1) EXTINÇÃO DOS BLOCOS (BÉLICOS) MILITARES.

A constituição de Blocos Militares assume uma natureza provocadora, fomenta um permanente estado de tensão política regional ou mundial.  

Sem jamais pôr em causa a existência de um aparelho militar e consequente produção armamentista para efeitos meramente defensivos a nível nacional de cada país, sublinhe-se que na atualidade, qualquer Pacto Militar assume uma postura ofensiva, arrastando por isso mesmo a livre escolha de um país nele envolvente quanto à sua existência como país soberano. 

Nenhum país ou povo deseja a guerra. Esta implica o uso de armas para matar. Ninguém quer morrer. A evolução intelectual e anímica da sociedade humana globalmente configurada, apesar das dificuldades da vida quotidiana, seja onde for, é adversa a qualquer conflito bélico. A guerra gera destruição, miséria, desgraça e refugiados. O passado recente tem demonstrado que nos locais onde a teve lugar, foram precisamente estas as consequências, jamais tendo a guerra resolvido qualquer dos problemas que se propusera resolver.

A guerra ou a sua ameaça passou a ser um negócio, quer pela produção de material bélico, quer pela venda de armamento a outros países. A indústria de guerra é o maior suporte da força económica do país produtor. Assim se entende o envolvimento das administrações militares e militaristas e a grande indústria privada de produção armamentista. 

A guerra tem, teve e continua a ter uma motivação económica, exibindo, porém, disfarçadamente uma motivação – ética, religiosa, política, ideológica ou de domínio -, para a sua aceitação e para a sua mensagem ser mais apelativa.

A mera existência de blocos militares, assume na atualidade, um autêntico foro de paroxismo. Basta ter em conta os terríveis resultados das suas mais recentes proezas bélicas, espalhando a destruição, gerando migrações e fomentando a fome e exigindo somas astronómicas para a sua manutenção. Eis porque a manutenção ou a criação de novos blocos militares, particularmente

pelas franjas de países economicamente débeis, apenas contribui para uma crescente desgraça das populações delas dependentes.  

Onde reside, pois, o empenho na ficção de Blocos Militares?

À parte a despesa orçamental para efeitos defensivos em matéria militar, deixo ao critério do leitor, imaginar o destino produtivo que poderia ter o dinheiro orçado e gasto para a vertente ofensiva bélica e consequentemente contribuir para a paz e sossego das gentes do mundo.

                         

 

                  2) A FALÁCIA DA TERMINOLOGIA - PAÍSES POBRES e PAÍSES RICOS

Para o efeito em apreço, mais uma vez se sobreleva a vertente económica, não só no plano de exploração substancial como na esfera existencial dos países em causa. Basta simplesmente atentar na resenha fotográfica e nas notícias com que a comunicação social nos vai brindando quase quotidianamente - crianças mal nutridas marcadas pelo signo da miséria, gentes a fugirem

 

do desespero, insegurança de vida e violência geradas no rescaldo de guerras provocadas, movimentos migratórios de destino incerto, para muitos tudo terminando numa esperança malfada ou assassina.

 Nas relações entre muitos países, os fatores geradores da riqueza de uns nem sempre foram marcados pelo signo de reciprocidade – uns enriqueceram à custa de outros, pelo que não há países ricos ou pobres por natureza. Historicamente, a expansão e exploração mercantilista a partir do seculo XV e que viria a degenerar-se no colonialismo gerou as categorias de país dominante e país dominado, materialmente expresso na exploração das riquezas do 2º pelo 1º. Tal acontecimento teve como efeito, o desfasamento completo da estrutura produtiva do país explorado. Os “terms of trade” eram quase totalmente desequilibrados, num processo com a clara conivência das elites locais governativas e economicistas É assim que vemos geralmente estas elites a participar no processo de escravatura e na exploração económica da população autóctone. (a este fenómeno seguir-se-iam os movimentos independentistas, liderados pela burguesia dando origem a Nações, que, salvo raras exceções, adotaram os regimes político-económicos dos países dominantes).

Eis porque a dicotomia - país dominante/ Pais dominado - é a que mais se adequa á realidade hodierna, apesar da ‘independência’ política do país explorado. A questão não se restringe, pois, à riqueza ou pobreza de países. Todos os países são autossuficientes, portanto, ricos.    O que se pode dizer é que à “riqueza” de uns se aditou à “riqueza” de outros, sem que estes fossem devidamente compensados. Refiro-me às matérias-primas, de toda a espécie (desde as especiarias, passando pelo petróleo e pedras preciosas, e gás natural etc.).

Este processo desastroso prossegue, cada vez com mais força, e é preciso pôr-lhe termo. Então sim, equilibrada a balança, resolvidos os problemas infraestruturais, com elites locais descomprometidas, aquele resto de humanidade hoje apelidado de pobre, estará na verdadeira via de desenvolvimento fruindo da sua riqueza.

 

                  3) ELIMINAÇÂO DO ENVOLVIMENTO POLÍTICO DA RELIGIÃO

“A religião é o ópio do povo”. Proferida isoladamente, a frase soa a rebelião. A ideia-força tem de ser, porém, equacionada, no contexto em que foi proferida.  A sua dupla dimensão tem sido ignorada. Por um lado, configurava a religião como um agente, que impelia o crente à passividade, perante a exploração do sistema económico que o vitimava; por outro lado, destacava o papel ativo da religião, num envolvimento político adverso, quando o apelo ao metafísico era subalternizado no processo da evolução social.  

São conhecidos os dados históricos, pouco abonatórios a propósito deste despropositado intervencionismo das religiões. São diversas as formas desta intromissão - ora, sob a capa de um chauvinismo doutrinário; ora, sob a forma de um proselitismo missionário; ora sob a modalidade de um conformismo de vida em sociedade.

Em todas estes formatos procedimentais, a religião tem servido de motivo para legitimar confrontos entre comunidades humanas, fomentar guerras, gerar diferenciações sociais, trucidar a história, desrespeitar outras religiões, tudo culminando no incontestável apoio ao poder político instituído (do momento), por pior que seja, desde que facilite a propagação e o controlo pela “fé”.

O problema da influência das religiões nas sociedades humanas é altamente melindroso e perigoso, já que foge ao controlo racionalizado de comportamento individual ou grupal.

A determinante metafísica será sempre aceitável desde que não fanatizada, já que nesta dimensão é suscetível de gerar atos do mais puro irracionalismo, geradora de instabilidade, diríamos mesmo, de efeito horizontal, na maioria dos países. A situação torna-se mais gravosa quando a influência religiosa é entrosada pelo próprio poder político dando origem a chamados “Estados Religiosos” numa confusa, mas descarada mancomunação ativa de política – religião.

Impõe-se por isso pôr termo a este estado de anormalidade organizativa e vivencial.

Uma abordagem conciliatória deve centrar-se não tanto na esfera política, mas diretamente com os responsáveis, chefes e orientadores das respetivas comunidades regionais e locais das religiões mais tradicionais.

                                    

                                      4)  POR UM DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO RACIONAL E ÉTICO

 A humanidade para existir e subsistir tem de produzir. “É a economia – estupido” (título de um escrito nosso). Mas produzir: Como? Quanto? Estas são, à partida, duas indagações sobre as quais urge tomar posição em definitivo.

A história da evolução humana diz-nos que, na atualidade, estamos perante dois sistemas económicos que se antagonizam – o capitalista e o socialista. Este estádio descambou para a rivalidade na dominação económica mundial, dando campo a ambições hegemónicas de espaços territoriais nos quais se incluem Nações com economias dependentes.

A produção desenfreada, a par do lucro que proporciona, consegue incrementar o estado de dependência e controlo de partes de mundo, repartido em Países, assim se estabelecendo o necessário estado de “tensão” para manter este controlo dominador. Este estado tensional permite o desenvolvimento da indústria de guerra, a mais lucrativa que se pode pensar. A guerra é um produto lateral (by-product) desta política económica.

O excesso de produção é, pois, a via de aumentar o lucro e alcançar a dominação do espaço terrestre (sic. Nações).

É interessante salientar como estas tendências afetam marcadamente as nações dominadas (como referimos na condição 2). Funcionando o lucro como uma mais-valia e tendo essas nações adotado o figurino económico das nações dominantes, a política ditada pelas elites locais acabam por vitimar as próprias comunidades que controlam também através de uma política de exploração, apenas com uma diferença – a de fomentar o estado de dependência em proveito próprio e da burguesia que as suporta, em detrimento das comunidades que era suposto beneficiar (falta de infraestruturas, educação e outros no género).

As centrais nucleares, os altos fornos industriais e seus fumos, a desflorestação entre outros comportamentos e a extração e exploração descontrolada do subsolo, inserem-se neste conteúdo programático.

É neste ponto que cabe indagar sobre o volume desta produção, a sua repercussão na contrapartida do lucro auferido e a gestão do mesmo em termos de utilidade para o bem da humanidade – já que esta é a questão central que nos anima.

Para uma empresa a produção é uma variável que se ativa em função das necessidades do consumo mundial. Uma produção descontrolada e desenfreada é por natureza desestabilizadora, por gerar excedentes e pela inutilidade em termos de consumo. Quanto ao lucro, este é uma componente estrutural do funcionamento empresarial que está condicionado a dois fatores: - a sua manutenção produtiva/laboral e - a provisão para o desenvolvimento atualista da unidade fabril. Tudo o que ultrapasse esses condicionantes, entra no domínio do abuso e desregramento social, que se torna necessário evitar e combater.

É fundamental, no entanto, deixar bem clara a importância que a economia tem no plano existencial da sociedade mundial e o desenvolvimento económico na vida de qualquer nação. O problema, no entanto, assenta na forma como o produto da realização económica é utilizada e posta ao serviço dos países, ou seja, das populações que as integram, nomeadamente, em termos de distribuição e aproveitamento do produto de modo a evitar subnutrição e fome.              

Forçando um pouco o raciocínio, é fácil de enxergar que é precisamente neste ponto que se coloca também o problema do perigo de alterações climáticas, como ainda o da moralização do setor produtivo e social da humanidade.

  

                  5) A PROTEÇÃO DA NATUREZA contra AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NOCIVAS.

O mundo está cheio de protestos contra as alterações climáticas que põem em causa a vida em geral, com particular destaque para a sobrevivência da humanidade.

Neste aspeto estão em causa as mínimas condições de habitabilidade para a espécie humana.

Geologicamente falando, o planeta Terra sempre conheceu mudanças climáticas. Subjacentemente, catástrofes na e da natureza existiram deste os primórdios da existência terrestre, bem como os fenómenos derivados do movimento de nutação ou dos ciclos de Milankovitch.  

Porém, a questão base que se coloca é, não a de existência de cataclismos, mas a) a frequência, a intensidade e a rapidez com que estes se registam e b) a incapacidade cada vez mais crescente do homem para anular os seus efeitos desastrosos.

Para nos consciencializarmos deste conjunto causa/efeito basta atentar em fenómenos como: o exacerbado aumento do dióxido de carbono na atmosfera e o consequente efeito-estufa daí decorrente; a evaporação gerada, não só de tempestades, mas algo contraditoriamente, também de secas noutras paragens, a progressiva extinção de fauna, os furacões e tornados, o degelo dos Árticos, a intensidade das chuvas, as inundações, os tsunamis, a erupção de vulcões, os deslizamentos de terra, o aumento do nível da água do mar e a deflorestação.

Está ainda por definir o impacto da incontrolada e desmedida extração de petróleo e gás natural do subsolo, nas camadas geológicas, nomeadamente do seu Manto e das ondas sísmicas. Veja-se, a propósito, como o consumo excedentário das águas subterrâneas, através de poços, têm gerado a secagem de lagos.       

- A apreciação da problemática assenta essencialmente em quatro polos de referência: 1º - a vontade e propósito políticos; 2º - a disponibilização do setor industrial, 3º - um dispositivo de fiscalização com poder impositivo, e 4º - a adesão publica.

 Está definido que a maior parte do atentado ao equilíbrio da vida humana decorre da própria ação do homem. Nada de positivo será viável se as Nações do mundo, com particular destaque às mais desenvolvidas industrialmente não se harmonizarem e acordarem definitivamente no sentido de alcançar os parâmetros cientificamente tidos por minimamente ajustados para uma equilibrada vivência humana.

Neste domínio, de nenhum valor assumem as vãs promessas feitas pelos Poderes Políticos das diversas Nações, por já comprovadamente ser de reduzida ou nula eficácia. Isto acontece porque a franja Política mais não tem feito senão seguir o ditame do sector económico, este que afinal tem dominado aquele.

É fundamental que a vontade política proactiva e séria se sobreponha à dominação económica, através de determinações coercivas fixando os limites de sustentabilidade de perigosidade de diversas atividades, a partir dos quais entrariam em ação os organismos reguladores das mesmas.   

- Se é certo que o movimento vital da sociedade gira em torno de Economia, a verdade é que o excesso de produção introduz fatores de desestabilização na evolução do meio ambiente considerado no seu todo.

As emissões de gases e fumos, resultantes do uso do material bélico em guerras, dos altos fornos de fábricas e fornos industriais, a deflorestação, a exploração incontrolada do solo e subsolo, nomeadamente do combustível fóssil e petrolífero, são algumas das macro atividades, subjacentes às alterações climáticas e inerente nocividade de que tanto se fala.

Porque esta ânsia para produzir?

- De promessa em promessa em sentido contrário, expressas em Conferências, Convénios Pactos e Cimeiras, a verdade é que se assiste cada vez mais aos efeitos destruidores desse tipo de atividade.

Impõe-se, isso sim, um conjunto de organismos internacionais fiscalizadores, política e economicamente independentes, capacitados com poder para verificar e regular os abusos das atividades nocivas para a sobrevivência humana.

                      

                                      6) RESPEITO PELOS VALORES EXISTENCIAIS (cultural, político, religioso, social e outros) LOCAIS.

À medida que se vão alinhando as condições para uma vida humana sustentável num planeta com condições de habitabilidade, vai-se tornando cada vez mais evidente, a mútua dependência das mesmas, a ponto de não se poder falar de uma, sem, no mínimo fazer uma implícita alusão às restantes: a desflorestação na Amazónia respeita os direitos dos índios? O “estado de tensão” e as guerras contribuem ou não para a desertificação dos terrenos, para a pobreza da população local, as migrações e a dependência económica do país vitimado? O desrespeito pelo estofo cultural e religioso proporciona ou não o conflito armado, sendo que este se faz sentir com mais veemência precisamente quando os países e a população são economicamente mais carenciados? Tem ou não sido em nome de religiões, ou seitas diferenciadas que se tem praticado atos da barbárie bélica?

Mas há que avançar no raciocínio. O que se ganha com o mero “diktat” de supremacia de um pensamento sobre o outro? Qual o princípio moral que determina que uma religião ou sistema económico é superior ou inferior ao outro – situação essa que agrava quando 3ºs intervém na contenda?

Neste ponto, penso que o leitor alcançou o sentido e a amplitude das perguntas, as quais poderiam abranger outros quadrantes aqui referidos, mas que ficam a cargo do leitor interessado fazê-las.  

Subjacente a estas posturas há uma linha condutora que atiça o ânimo e o consequente gesto. É a ambição, a conquista e apropriação de território (o chamado ‘espaço vital´) e o domínio económico. Este quadro de aspirações só se explica quando um país, ou pretende ocultar as fragilidades internas da governação ou pretende enriquecer-se à custa alheia.       

 Como por termo a isto (qual a receita para controlar este ímpeto desastroso e muitas vezes gerador de destruição?

“Todos os seres humanos são iguais”. Quer isto significar que não existe povo, nação, comunidade ou pessoa que seja detentor da verdade, por que a Verdade é relativa. Tudo depende do estado de conhecimento e do contexto gregário da comunidade de que faz parte. O que é verdade para um pode não ser verdade para outro. A vivência tem sentido quando contextualizada e não idealizada. Por isso se defende a evolução paralela dos povos, sem prejuízo do acolhimento da parte benéfica da evolução do outro. Fundamental é que não se tome a nuvem por Juno e vá de aí assenhorear-se, dominando ou neutralizando os vetores existenciais de outros povos.

Neste contexto, a economia e a religião tem de merecer particular atenção. Se, historicamente podem merecer uma certa compreensão pelos desmandos cometidos em seu nome, a sua

projeção na atualidade foge aos valores alcançados pela inteligência humana – toda ela pautada por n cânones de convivência, solidariedade e humanismo.

Com que direito, estará um Estado a tentar impor a um outro Estado a normatização como deve orientar a sua economia?  Qual o princípio que determina que uma religião é superior a outra? Mas a verdade é que são os países economicamente desenvolvidos e também os países economicamente débeis que, em nome destes princípios e direitos inexistentes ou de um deus inominado que de desencadeiam guerras, fomentam conflitos, arrasam populações, provocam migrações e fugas de populações, destroem habitações e trucidam milhões de humanos, que de longe ultrapassam as vítimas das catástrofes da natureza.

A resistência, o protesto e a solidariedade são as únicas vias para pôr termo a estas atrocidades?

Até quando?

                                

                                      7) CONHECER E VALORIZAR A NATUREZA ATRAVÉS DE SUPREMACIA DA CIÊNCIA-

Do que se sabe, é muito parco o conhecimento do nosso planeta. Vejamos: ainda está por saber o porquê do “timing” das movimentações de placas teutónicas, geradoras de terramotos e a

 

ativação dos vulcões. O fundo dos mares e oceanos está ainda por explorar. O impacto de um meteorito pode destruir o planeta ou tornar a sua habitabilidade intolerável.  

 Vem este introito para demonstrar que o estado de contingência do planeta Terra não pode ser exclusivamente atribuído à ação do homem e que há fatores da natureza ou do universo, como que externos à vontade humana, que podem fragilizar o planeta por completo, a um extremo onde a vida se torne impossível ou extremamente difícil na sua existência.

Mas a ação do homem pode moldar pela positiva este condicionalismo aliviando o peso do temido cataclismo.

Por um lado, urge alertar a população mundial, para o perigo em si. Tal exige à partida uma atividade proactiva por parte a) dos Governos neste sentido. Por outro lado, todo o apoio deve ser tributado b) às ONGs verdadeiramente empenhadas nesta tarefa. O efeito regulador dessas intervenções deverá conduzir a que as sociedades e comunidades adotem hábitos de higiene e de limpeza, quais fatores de autoestima e de autoconservação. Até ao presente, infelizmente a atitude dos Governos não tem preenchido este requisito e, por outro, as referidas ONGs têm sido hostilizadas, se não mesmo neutralizadas nas iniciativas.

A falta de vontade política por parte dos governos ocorre, como já se referiu, do facto de estarem economicamente condicionados. Essa vontade para alterar o rumo do perigo, vai apenas até onde o interesse económico o consentir, o que na prática se tem confinado a vãs promessas que ficam geralmente por cumprir. Esta atitude política é contagiante e, portanto, generalizada por outros setores de atividade humana. Promete-se, mas não se cumpre. O rumo que a concorrência económica tomou entre os países economicamente desenvolvidos tem sido pouco propício para encarar a humanidade e o planeta sob o prisma de vetores determinantes de existência vital. Por sua vez os países pouco desenvolvidos ainda não conseguiram autonomizar-se de modo a serem eles próprio os mandantes da sua produção, que continua assente nos parâmetros coordenados pelas grandes economias.

É, no entanto, certo que se vai investindo na pesquisa científica, e honra seja feita aos investigadores que, na batida do tempo, vão dando resposta à multiplicidade de problemas que aflige a humanidade, dentro das possibilidades de que dispõem. É que há muito para investigar.

Tudo depende do investimento na investigação científica e este tem sido pouco expressivo face à magnitude dos problemas existentes e do muito que há ainda por investigar, para a preservação da natureza, para alimentar a humanidade e gerar condições de habitabilidade.

Sem pôr em causa a exploração espacial, seria de total interesse explorar o fundo dos mares para efeitos alimentares e não só; também o interior da Terra, prevendo os tremores de terra, o condicionamento da atmosfera, resolvendo entre outros perigos, o “efeito estufa”; gerar a chuva artificial quando necessária e porque não - afastar o choque do meteorito, controlar os efeitos da radiação interplanetária e solar na terra. Eis alguns aspetos e seguramente outros haverá para que à ciência se abra o campo de ação e de apuramento para o bem da humanidade. 

A investigação científica em todos os campos da atividade humana é sumamente obrigatória e uma prioridade das prioridades.

                              

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                                    De Ética à Solidariedade – De Egoísmo à Partilha

OS QUATRO MARCADORES QUE PODEM DEFINIR A DIFERENÇA e ATIVAR AS SETE CONDIÇÔES

 A cada catástrofe assiste-se a campanhas de solidariedade. Embora não seja feliz, o contexto faz lembrar o envio de carne para canhão e mortes na guerra, montando-se em simultâneo, tendas de campanha hospitalar para cuidar dos feridos!

O mesmo se diga da recente campanha pro-migrantes, com particular destaque aos que fogem do seu país à procura de melhores condições de vida, depois que os respetivos países foram fustigados e destruídos por conflitos e guerras provocados por aqueles que tomaram a iniciativa e por vezes continuam a acalentar o prosseguimento dessas contendas!

quatro marcadores -3 de natureza positiva e 1 negativo - que podem conter esta ânsia maléfica de “homo homini lupus” e ativar as sete condições acima traçadas em formato integrado.

É obvio que nesta apreciação se vai partir não do zero, mas das atuais condições em que o mundo se encontra.                              

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(ÉTICA): É básico que se respeite a vida humana e a natureza. Se assim é, destruir para reconstruir é antiético. Para que este marcador releve, é imprescindível que o seu agente impregne as suas ações com os princípios que as ditam, e que se concentram na Ética.

Ora bem. O mundo está repartido por Estados soberanos. Nada pode legitimar que um país, sob que alegação for, se intrometa nos assuntos internos do outro e menos ainda, quando visa alterar o regime político-económico aí vigente, fazendo uso de hostilidades, de meios violentos como a guerra ou de natureza económica como o bloqueio ou sanções económicas.  O mínimo que, desse tipo de atuação se pode dizer é que contraria a Ética.          

Esta apreciação é particularmente relevante no plano político, já que é desta esfera que dimanam as ações agressivas e os pressupostos que as fundamentam.   

O direito natural de coexistência humana não pode legitimar ações que pressupõem a destruição da espécie. A guerra, é por isso e por natureza um ato contrário à ética, sendo particularmente condenável quando movida para assegurar interesses egoístas de foro étnico e/ou religioso, ou fundada em razão impositiva de superioridade económica ou de mera ocupação territorial.

O mesmo se diga tratando-se de bloqueios económicos, que mais não fazem senão contribuir para uma maior carga de carências e de sofrimento para o conjunto comunitário destinatário desta medida.

(SOLIDARIEDADE): Solidariedade não é caridade. Esta pressupõe um sentimento de superioridade face ao destinatário. Aquela movimenta-se num plano de igual para igual. Na solidariedade, aquele que dá incorpora a situação daquele que recebe, numa operação anímica em que o dador se coloca na posição do recetor. Neste paradigma, a solidariedade, designadamente no plano político envolve sim uma postura em continuidade, eticamente fundada, contemplando todas as situações que demandam este gesto.

Este entendimento desfaz a máscara aparentando o “bem fazer” enquanto subjacentemente se vão tecendo os cordéis e se vão lançando as bases que anulam os efeitos da solidariedade prestada. Em termos mais simples, seria o caso de ‘dar com uma mão e tirar com a outra’. Outras vezes, a ‘solidariedade’ é realizada com agressões sob a alegação de que por essa via se defendem valores humanitários, a democracia ou outros de diversa natureza. São casos em que a ética dos autores destas proezas fica marcada por cânones de iniquidade e falsidade.

Um mundo, onde a solidariedade entre comunidades e Nações venha a existir, é decididamente, um mundo onde pode vir valer a pena viver.

(EGOISMO): Boa parte de história da humanidade tem sido marcada por atos que envolvem o voluntarismo individualista. O reflexo desta postura revela-se no egoísmo que é atinente aos dirigentes de muitos países ou comunidades. Estes responsáveis, através das políticas públicas e diretrizes que elaboram, agem como se fossem só as suas instâncias a terem o direito à existência ou entendem que outros tem de estar numa relação de permanente dependência para com aquelas. Todos os fenómenos de exploração ou de conflitualidade dimanam desta inspiração egocentrista. Assim caracterizado, o egoísmo pressupõe a subordinação existencial de todas os outros Estados e comunidades aos interesses do país impositor.

Até que ponto pode um país exigir a defesa dos seus interesses num outro (país)? A resposta é simples: Até onde esta defesa assegure o respeito de soberania desse país, posto que pautado pelo matiz do direito internacional e dos princípios elementares de convivência comunitária. Se assim não for, a sã convivência entre Países fica reduzida a uma mera quimera, gerando desequilíbrios no trato relacional mútuo, com o risco de descambar para a franja de conflitualidade – situação que, infelizmente, ainda hoje, se verifica.

(PARTILHA) Partilhar e não sancionar- terá que ser o lema dos habitantes da Terra, repartidos por Nações. Como já se referiu, o mundo apresenta-nos dois macro sistemas económicos – o capitalismo e o socialismo, com as respetivas nuances, que os países, através de instituições políticas, adotam, por motivações mais diversas, em conformidade com as demandas dos povos e comunidades que os compõem.

O facto de as traves-mestras destes dois sistemas serem distintas, não avalisa tentativa de um para eliminar ou dominar o outro. Qual o interesse de uma Nação em alterar o sistema político económico vigente noutra? Em nome de que princípio ético se pode legitimar essa intervenção, que afinal acaba por desestabilizar o mínimo de equilíbrio aí existente, quando inexiste qualquer medida de aferição para assegurar a supremacia de um sistema sobre o outro?

A partilha não é imposição. Partilhar implica a colaboração de quem dá e a aceitação por parte de quem é recebe. Esta eventual interação, não invalida a absorção, por qualquer das partes, dos atributos ou valores tidos por válidos do sistema adverso. O que não deve haver é campo para motivações inventadas, já que a razão da partilha assenta precisamente nos bens materiais e imateriais que constituem o acervo do seu agente ativo e na carência desses mesmos bens por parte do agente passivo. Neste entendimento é pura fantasia acreditar que um país possa partilhar ou contribuir para a defesa de direitos humanos quando ele próprio, a todas luzes os desrespeita no seu próprio seio ou que possa contribuir para paz fomentando a guerra ou sustentar um permanente estado de tensão.

 

Conclusão:

Convido o leitor para verificar a eventual compatibilidade entre o acima ficou dito e a realidade circundante.

Estamos em 2022. Até ao presente, inúmeros tem sido os “summits”, conferências, encontros, acordos, seminários e outras realizações tendentes a viabilizar soluções para tornar o Planeta Terra mais condignamente habitável no presente e para o futuro. Livros, artigos científicos, de opinião e teses recheiam as bibliotecas e os escaparates jornalísticos e livrarias. Recomendações de instâncias internacionais, programas de organismos especializados e promessas de dirigentes políticos preenchem o quadro dos anseios dos habitantes do mundo. Algo foi feito sem dúvida, mas a mera observação da realidade quotidiana que se vive, já não nos segreda, mas dita-nos, alto e bom som, que quase tudo está por fazer.

É incómodo aceitar o que acima se disse, particularmente por parte dos Países e dos dirigentes governamentais, enquanto responsáveis pelas políticas seguidas, resultado das quais são mais que evidentes e estão à vista.

E o mais grave é que não há que falar de um plano B.

Por uma real humanização do decisor político, assente no condicionalismo compósito acima referido, sustentado pelas coordenadas acabadas de referir, é o caminho a seguir.  

Vale a pena tentar.

Lisboa – 30/01/2022

                                                                      António Bernardo Colaço

                                       (Juiz – Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça - Jubilado – Portugal)