quarta-feira, 19 de junho de 2013

BRASIL - A QUEDA DE UM MITO Os recentes acontecimentos ocorridos no Brasil deitaram por terra o mito de um Brasil sempre sambando, com uma população alegremente despreocupada, tudo nos trinques e "viva o foot-ball". Tudo começou com o protesto popular em S.Paulo contra o aumento de preços de transporte. A este respeito especificadamente e em jeito de comentário,sempre se dirá o seguinte: Embora uma classe média utilize o transporte público, não é propenso para protestar logo à primeira só pelo facto de um aumento de tarifas. Quem pois protestou foi a classe laboriosa, de pequenos proventos a quem um meio real sempre fará toda a diferença. Assim sendo, há ou melhor, continua a haver, apesar da primavera Luliana apregoando milhões novos "inscritos" na classe média do país, um grande estrato populacional carente, cuja carência vai bem para além das necessidades de transporte. E tanto assim é que os protestos se ampliaram para outras cidades nomeadamente Rio de Janeiro e Brasília, onde há notícia de cerca de 20.000 cidadãos terem ocupado o edifício do Senado(?). A Televisão dava hoje notícia de brasileiros emigrantes terem protestado em 37 cidades, designadamente na Europa. O protesto, embora apresentando como causa imediata o mero aumento de tarifa nos transportes, ocorreu numa altura em que Brasil acolhe o campeonato da Taça das Confederações e particularmente quando se dá a conhecer a enormidade dos gastos, tidos por sumptuários, do Governo brasileiro, na construção de Estádios com vista ao Mundial do Football de 2014 (algo parecido com o que sucedeu em Portugal, mas sem protesto pontual, onde sem dúvida estádios construídos para o Campeonato Europeu de Foot-ball, contribuíram para o estado de crise em que Portugal está atolado, sendo que alguns deles estão desactivados e sem utilidade de espécie alguma), enquanto todo o país, clama contra a corrupção, exigindo melhores cuidados para a saúde, uma política profícua de habitação e melhoria na situação social e política do país. A Srª Vilma fala das manifestações como a expressão reinante da democracia brasileira,bem sabendo no entanto que a bem pouco se reduz a democracia do papel de voto no seu país, a braços com o magno problema do "mensalão" à custa do qual (e não só) se geraram os milhões da classe média que apregoa. O povo tem disso conhecimento, como tem conhecimento do compadrio na construção dos estádios. E como lidou a autoridade com os manifestantes; digo manifestantes e não arruaceiros? Logo com a sua Polícia Militar. É admissível uma polícia desta natureza em democracia? Segundo um Governador do Estado de S.Paulo, a polícia de choque não existe para dialogar. Certo. Mas quando e onde se viu uma polícia de choque a actuar logo à primeira lançando balas de borracha à altura da estatura de uma pessoas como a ainda ontem uma jornalista brasileira de um jornal brasileiro (cujo nome não me recordo) denunciou, enquanto internada num hospital com a sua vista direita macerada? Espero que o carnaval democrático esteja a chegar ao fim.