terça-feira, 27 de outubro de 2015

A PROBLEMÁTICA DA MIGRAÇÃO - Porque só agora ?






                                               MIGRAÇÃO e GUERRA


Ninguém pode ignorar o problema de migração proveniente da Síria e de outros países de estirpe árabe. São aos milhares que assolam Europa em busca, segundo consta de segurança e melhores condições de vida. Sem prejuízo dos problemas que inevitavelmente causam aos países afectados por este fenómeno, (penso na Grécia este que, para além do problema económico de que padece e que tanta agrura tem causado ao seu povo, vê-se agora como o primeiro porto de abrigo dessa migração) acode-me um certo pensamento. E porque é que a América se vê apartada desse magno problema. Porque é que também este pais  não se propôs ainda para acudir as populações que fogem ..... da guerra?
O leitor perceberá a maldade dessa minha pergunta.
Tanto quanto julgo saber e de uma forma simplista, o xadrez no Médio Oriente tem funcionado, na minha óptica da seguinte forma: - América, a UE e Arábia Saudita querem o Assad apeado da Presidência da Síria, alegando que é um ditador!
                                                    - A Arábia Saudita apoia o Estado Islâmico (EI);
                                                    - A América e a UE desdenham o EI;  
                                                    - O EI quer transformar em sultanato o espaço que no passado havia sido ocupado pelos árabes, abrangendo, para o efeito, nomeadamente Portugal e Espanha;
                                                    - O Presidente Assad combate o EI;
                                                    - A origem das primeiras manifestações que conduziram à gestação do EI deve procurar-se na Prisão de Bekka no Iraque onde se concentravam os presos Sunnis feitos prisioneiros pelas tropas Americanas com o apoio da chamada Coligação internacional. (Como nota, a não esquecer há que registar a responsabilidade política e criminal do Presidente Bush e do 1º Ministro britânico Blair, que tem de ser indiciados como autênticos criminosos de guerra que forjaram a ficção de que Saddam Hussain tinha Armas Químicas de Destruição Maciça. Os serviços secretos e o Estado Maior Geral das forças Armadas Americanas tem nisso, culpas no cartório). 
                                                    - América apoia com armamento os opositores políticos de Assad;
                                                    - A oposição política de Assad aliou-se numa 1ª fase aos militantes do EI, visando combater Assad, tal como a América continua a advogar.
                                                    - Face às hesitações da América em combater o EI, a Rússia, através da base militar que tem na Síria, interveio para levar a cabo esse combate.
                                                    - Os curdos através da sua organização independentista KKK também também combatem o EI;
                                                    - A Turquia, que numa 1ª fase se revelou relutante em combater o EI, acabou por intervir, mas como forma para combater a KKK;
                                                    - América critica o envolvimento da Rússia no seu combate contra o EI, alegando que aquela está a atacar os oposicionistas do Assad.


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Foi precisamente em nome de democracia e alegando que Saddam Hussain e Mohamar Khadafi, eram ditadores que ocorreram as guerras e as desestabilizações no Iraque, particularmente entre 2003 e 2011 e na Líbia entre 2011 e 2014, (neste  2º caso tendo mesmo havido a advertência do Khadafi em como se seguiriam lutas tribais geradores de desestabilização local e que foram ignorados). Os resultados aí estão, e a que vimos assistindo ainda hoje. A Primavera Árabe teve os resultados que teve.
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A análise não pode ficar por aqui. cabe estabelecer o fio à meada particularmente no que tange o fenómeno de migração em curso. O respeito humanitário faz com que me escuse, não sem dor, recordar o sofrimento das gentes migrantes. Indago neste ponto apenas, quanto ao direito dos pais ou familiares a sujeitar as crianças às agruras por que têm estado a passar, quando não morrem no percurso da travessia. O fenómeno de guerra é atroz. Elas geram as fugas, pois ninguém deseja viver em insegurança típica e própria da guerra e menos ainda morrer. O resto é controlado pelos arautos de terror e pelos traficantes de meios de transporte, nomeadamente as balsas e barcos.


Tem havido todo o empenho em atribuir o êxodo à guerra na Síria, e se na Síria é, a responsabilidade é do Assad ou porque é um sanguinário ou porque não controla a situação. Neste quadro a 1ª pergunta que me ocorre é: e o que temos nós com isso. A soberania de um povo e de uma nação não é a de ele próprio resolver a situação? Tem sido este o entendimento civilizado e consagrado pelas ONU. Se assim é o que tem a América a ver com isto? nomeadamente apoiando a oposição ao Assad com armasPorque tem Assad que ser apeado, como defende Obama ou Hollande?
No entanto, não alcanço perceber este grande afluxo de fuga, sendo que a grande maioria são pessoas e casais jovens. A natureza súbita desta fuga, é algo que não consigo entender, quando verdade seja dita, tal não sucedeu na guerra do Iraque nem da Líbia. Será que a brutalidade do conflito sírio é algo mais hediondo e de fantasmagórico quando comparado com os outros conflitos recentes da região? Ou haverá um impulso invisível a provocar esse fenómeno? E se assim é, quem o provoca,  e com que objectivo? Será o aproveitamento da guerra para emigrar? Será fugir de uma luta fratricida, por exemplo  - sunnis versus xiitas? E neste caso, será que a fuga é de se atribuir a actos dos defensores do EI? Ou será ainda que, aproveitando da instabilidade gerada pela guerra,  o êxodo se há-de atribuir ao anseio para uma vida  melhor na visão de que a Europa é rica e onde se vive sem dificuldades? São indagações  que importa desmontar.
Prossigamos nesta análise: A Síria  faz fronteira com Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque. É certo inexistir segurança em alguns desses países. Com o andar dos tempos, também estes países correrão o perigo de instabilidade.
Assim, qual é a solução, se é que há alguma? É libertar Síria de toda e qualquer ingerência externa, a começar pela América e Arábia Saudita e deixar que o povo sírio escolha em liberdade a sua vivência e o seu  destino.