sexta-feira, 27 de novembro de 2015

QUEBROU-SE O ARCO DE GOVERNAÇÃO --- Venceu a Democracia


Hoje dia 26 de Novembro o Sr. Presidente de República  deu posse ao governo chefiado por António Costa. Do modo como a cerimónia decorreu , o Sr. Cavaco Silva com o ricto crispado e sério e do discurso que proferiu, parecia interrogar-se: o que me havia de acontecer quando estou quase a ir-me embora! Ter que dar posse a um governo com a marca da esquerda e para mal dos meus pecados, apoiado pelo PCP! A este propósito basta por exemplo, referir à alusão que fez no discurso aos seus poderes enquanto Presidente de República, considerada pelos comentadores como completamente despropositada, por trazer íncita a ideia de que podia estar no seu horizonte a  demissão do governo que acabava de empossar. É algo parecido como a vingança do chinês - não podia ser desta, mas fica para a próxima-. E a estranheza é tanto mais curial que está quase de saída, dado estar já marcada a data de eleição presidencial para fins de Janeiro de 2016, à qual não se pode candidatar.
O "arco de governação" - abrangendo PS/PSD/CDS, eventualmente gerado logo após o 25 de Novembro de 1975(cfr. Visão nº 1185 -pg 72) - representou o exercício do poder pelos partidos da direita, nisto estando envolvido o PS na sua vertente liberal. Ora António Costa deu o golpe de misericórdia neste desvirtuamento do seu partido reconduzindo-o à dimensão que merecia ter. É a esta "traição" que a direita parece não perdoar ao António Costa.
Desta feita, todos os olhos vão estar centrados na governação que agora se inicia, para, ao mínimo deslize, ser contestado e se possível desfeito. Num certo sentido pode dizer-se que a direita foi afastada mas não vencida. Por isso é importante ter a noção da realidade política, não cabendo embandeirar-se em arco triunfalismos ou adoptar atitudes chauvinistas pois o terreno é instável, apesar de porta vozes da coligação PSD/PP e o prório Paulo Portas, através de um arranjo conceitual confuso terem acabado por reconhecer a legalidade e legitimidade constitucional ao novo governo (Dizem eles: " apesar do governo PS ser formalmente constitucional, é politicamente ilegítimo". Mas como assim, se a legitimidade política decorre precisamente da Constituição? Já num anterior post (o voto do cidadão e o deputado) que a votação em dado partido pode não coincidir com o número de deputados, sendo que este número que importa numa democracia representativa parlamenta).
 É bom ter em atenção, que foi o governo de coligação PSD/PP, quem devido á sua politica de austeridade e os resultados nefastos a que conduziu ( entre, os quais se contam o desemprego, a emigração e a dívida perante a UE sempre a aumentar), levou o PS ao entendimento com o BE e a CDU, apresentando assim uma alternativa à política até aí seguida, dando origem a uma coligação da esquerda. Não será de estranhar por isso, que perfilho o entendimento de que foi precisamente o notório "arco de coligação" que assinou a sua própria fractura, quase que forçando ao entendimento à esquerda dando origem ao ditame democrático que caracteriza a Republica Portuguesa.      

domingo, 22 de novembro de 2015

AS POSIÇÕES DO 1º MINISTRO PASSOS COELHO (a entrevista à RTP em particular -20.11.2015)


Enquanto o Presidente da República, entendeu por bem aguardar um tempo para empossar um governo credível, estável e duradouro por uma legislatura, nomeou o representante do partido mais votado - Dr. Passos Coelho - como 1º Ministro, para gerir as coisas do governo.
     É sabido que a "questão" parlamentar assenta hoje, aqui e agora, na validação de uma política da DIREITA ou da ESQUERDA. Por mais voltas que se queira dar ao resultado eleitoral do dia 04 de Outubro, a dimensão da questão em causa, é simplesmente incontornável. E a realidade parlamentar, saída dessa votação resume-se ao seguinte - há uma maioria da esquerda na Assembleia da República. A rejeição do programa da coligação PSD/PP, e mais recentemente a aprovação do projecto  no sentido do instituto de adopção ser reconhecido aos casais homossexuais é a demonstração de que a direita já não domina o Parlamento.
Então qual a razão da quezília o do Dr. Passos Coelho - estou neste ponto a referir o leader do PSP e não o 1º Ministro - quase à semelhança de um menino betinho a acenar o PS com a ameaça de olhe se precisar de mim, não venha pedir batatinhas; para merecer esse apoio Dr. António Costa terá primeiro que pedir desculpa ao povo português. À parte a presunção desta postura, que chega ao paroxismo de sugerir uma alteração constitucional para ver quem ganha em novas eleições, Passos Coelho parece nutrir uma visão algo provinciana (sem prejuízo de todo o respeito que uma pessoa da província me merece) da política.  Se por mera hipótese e nessa altura António Costa não pedisse perdão, como procederia o PSD? Faria um sistemático boicote às iniciativas do PS (ou do BE ou da CDU) mesmo quando essas fossem no interesse do povo? E neste caso, onde ficaria a tão apregoada preocupação do PSD com a situação dos portugueses?
O Presidente da Republica estará quase a pronunciar-se sobre esta magna "questão". Para quem conhece a sua personalidade política, penso que o prolongamento no tempo ouvindo as diversas entidades, não deve ser confundido com o adiamento da solução. Terá, isso sim, querido obter o maior número de argumentos para justificar a solução a adoptar. É conhecida a sua vertente anti- esquerda. Caso opte por dar posse a António Costa, serão muitos sapos que sentira na garganta, mas salvaguardará nesta sua recta final da sua vida política o prestígio de um Presidente, qualificação que lhe tem faltado, particularmente nestes últimos tempos da sua magistratura. Se assim não for, então fará jus à avaliação deficitácia de que tem desfrutado.