sexta-feira, 12 de agosto de 2016

FOGOS FLORESTAIS - Paulo Gonçalves - o incendiário?


Fogos na floresta de Portugal - desde o Parque Nacional do Gêres, passando por Viseu, Mangualde, Arouca, Mealhada, até atingir Madeira - aldeia de S. Roque quase em cheio. Fico surpreendido  por haver ainda mata para arder, depois de assistir anualmente a esta triste saga. De tanto incêndio, deveria até diminuir a área disponível por cada ano que passa. O ano 2016, já não sei se é para recordar ou esquecer, depois de tanto sofrimento causado a pessoas e pela perda de casas, modestas ou não e outros bens materiais.
Incêndio florestais é um fenómeno à escala mundial, estando certos países mais sujeitos a este flagelo que os outros. Que o digam os arquifogos na Austrália e nos EUA - países porém ricos, que dispõem de meios de combate muito avançados e um investimento qualitativamente substancial no seu tratamento; daí que o rescaldo em matéria de danos não seja tão pronunciado como sucede connosco. 
 
Eis porque certas afirmações em matéria deste tipo de catástrofe raiam o irrisório, não fossem elas proferidas por agentes responsáveis, como o Presidente da Liga de Bombeiros, para quem existe mesmo "uma onda terrorista devidamente organizada". Sendo que por esta altura até se fala muito do Daesh, não se sabe se neste grupo está incluído o dos comerciantes de madeiras, as multinacionais da pasta de papel, ou até dos profissionais de loteamento para a construção civil ou outro tipo de construção! Verdade seja dita, que se aguarda investigação policial nesta matéria.
 
A MÃO CRIMINOSA
O que tem acontecido é falar-se "de mão criminosa" na origem do incêndio. Até há já que quem entenda que tem de haver também uma "mão pesada" para estes criminosos. Tudo bem, e que os há, há. Antes de tudo é preciso esclarecer a forma e modalidade de que se pode revestir a prática deste delito. Origem criminosa tanto pode derivar de alguém incautamente  ter deitado uma pirisca em terreno com arbustos secos, como alguém acender uma fogueira para um churrasco e apesar de se convencer ter apagado ter deixado cinza a arder, as achas de figos de artifícios  ou então alguém consciente e voluntariamente lançar fogo aos arbustos. Haverá outras hipóteses, mas estas serão as mais típicas. Em todas elas haverá uma caracterização criminal, ora involuntária ou voluntária; inconsciente ou consciente. Não se pode porém meter todas no mesmo saco
Porém, quando a imprensa ou uma entidade  fala de mão criminosa parece tentar inculcar a ideia de uma desculpabilização da entidade responsável a quem caberia em 1ª via cuidar da floresta, no sentido de que, caso não houvesse essa "mão criminosa", não haveria incêndio. É clara a falácia. É certo que uma não afasta a outra; o que é preciso porém é encontrar a  verdadeira razão das coisas de forma convincente. 
Há uns anos atrás, quando se pretendia explicar um incêndio, não havia "mão criminosa", e nem sequer se falava de interesses económicos e industriais subjacentes à razia que os incêndios causavam. Apanhavam-se geralmente um ou outro "incendiário" louco, bêbado ou  maltrapilho, que muitas vezes eram utilizado para a tarefa. Os verdadeiros interessados nunca apareciam. 
Agora, segundo o jornal i - 12.08.2016 - Smn) aparece Paulo Gonçalves, filho abandonado, alcoólico e drogado,  a suportar a responsabilidade de grande parte da Ilha da Madeira, mais propriamente da Região Autónoma da Madeira ter ardido. e porque? - uma mulher, que nada viu terá gritado "é ele; é ele" e todos correram atrás dele; ou porque o companheiro com que partilhava a casa ter ouvido o homem dizer "fodi isto tudo" e quando tudo estava a arder chamou o amigo dizendo "Anda a ver. incendiei isto tudo". Poderá ter sido o Paulo, mas convenhamos que é bem pouco em termos de investigação criminal. Por apurar ficou a forma do ordenamento urbano da freguesia de S. Roque; o índice de construção nova centrado em 71.3% - tipo moradias; a proteção devida a casas mais modestas; a capacidade de resposta dos meios de que os bombeiros dispõem e o acesso das vias de acesso para o combate ao incêndio.
Aguardemos os próximos capítulos.    

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

FACTOS QUE PASSAM - HISTÓRIA QUE FICA


04 de Agosto de 2016. Muita coisa aconteceu e eu aqui sem nada dizer. Não que tenha a obrigação de dizer algo. Sou um simples bloggista e todos os que fazem o favor de me ler podem bem passar sem o meu comentário. Mas uma coisa é certa; o mundo, os factos e os acontecimentos não me são alheios, sobretudo quando, os mesmos dizem respeito à condição humana, com direta incidência na dignidade do homem.
E então comento, transmito o que penso, exteriorizo o que perpassa o meu sentimento e a minha consciência. Vejam lá! Cheguei à conclusão de que se o inferno está cheio de boas intenções e as virgens do paraíso só são fruídas pelos que morrem matando outros e se matando a si próprios, então mais vale alertar que nem há inferno nem paraíso,  nem há boas intenções, nem há virgens - há só o mundo dos homens, onde ninguém quer odiar, ninguém quer morrer prematuramente e todos querem viver em paz harmoniosa.
Se assim é, cada um tem a obrigação de lutar pela sua própria dignificação. Sem luta é que nada se consegue. Eis por que escrevo. Escrever pode ser lutar, é o que pretendo.
Não irei mencionar todos os acontecimentos que ocorreram ao longo deste meu  interregno, nem formular comentários repetidos por redundantes. Menciono apenas alguns pelo reflexo que estão já a ter para o nosso futuro. 

O caso ERDOGAN: Turquia, a ferro e fogo de prisões e afastamento de funcionários de cargos públicos e privados. Com que tipo de Justiça e com qual juiz independente irá ser formulado o pedido de extradição do clérigo Gülen, numa altura em que mais de 2400 magistrados foram demitidos ou encarcerados? A introdução da pena de morte, a ocorrer, viola não só o direito à vida, como representa e materializa um ESTADO DE VIOLÊNCIA. Quer a nível da Europa (Convenção Europeia dos Direitos Humanos), quer a nível das Nações Unidas (2º Protocolo Facultativo - Tratado Internacional de Direitos Civis e Políticos) se defende a sua abolição. Está demonstrado que a pena da morte não diminui a criminalidade a que se destina - caso típico dos EUA -. Por outro lado, um Estado Violento, legitima e gera a própria violência. Daí que por mais que o Presidente Erdogan procure legitimar a reintrodução da pena de morte, dizendo que tal poderá acontecer se o povo soberano assim o quiser através da votação no parlamento, estaremos perante um regime autocrático e retrógrado, que o povo, mesmo transitoriamente enganado, saberá a seu tempo alcançar a sua dignidade, amante de liberdade e defendendo o laicismo. Tal não afasta nem esconde porém a apetência do Erdogan para um ditador com a roupagem de democrata. O povo turco que se acautele.

O caso TRUMP: Não faço apelo ao termo algo semelhante em português acrescido de "a". O que mais me espanta é o povo americano, que preza ser respeitador de valores democratas, tenha escolhido o pior de entre os candidatos republicanos. As afirmações do Sr. Trump, de domínio público são simplesmente indignificantes para um candidato á Presidência Americana. Embora o Partido Democrata americano não prime pelas suas virtudes pacifistas e de medidas com significado ou alcance social a verdade é que do lado Republicano nada de válido há a esperar. Basta ver as "proezas" do actor Reagan e do George Bush (filho) este que ainda não está livre de responder por crimes de guerra e contra a humanidade.

Os JOGOS OLÍMPICOS: Terão início oficial no dia 05 de Agosto, pelas 23.30 hrs(Portugal). Deixemos de lado os aspectos incompletos das estruturas para a sua realização, o que não há seguramente dúvida é que este país se transformou num "estado polícia" genuíno, com inevitável incidência nas favelas. É com a população destas zonas que nos devemos solidarizar, exepção feita ao subproduto dos traficantes da droga e de actividades afins, em mancomunação com a componente da alta corrupção financeira, seguramente não centrata no estrato de extracção índia ou negra. Digam o que disserem, até ao presente Brasil é um país aparentemente democrata de racismo disfarçado. O caso da Dilma é paradigmático como o país está entregue aos "coronéis" da alta finança, a grande parte deles milionários, pouco se preocupando com a credibilidade do país, como o demonstra o triste espectáculo do "impeachment" a escassos meses dos Jogos Olímpicos. De momento estamos conversados.

O TERROR: Factor material: Ele aí está - o Bataclan; Nice e outros. Mas não se pense que é só a Europa a ficar afectada. Também o são países como o Iraque, Afaganistão, Tunísia, Yemen, Síria e outros, onde porventura o número de vítimas até poderá ser bem maior. Este dado apresenta assim duas evidências - 1ª que nem todos os árabes e muçulmanos são terroristas; 2ª dada a componente minoritária do EI, a forma desregrada de recrutamento e a vaga de migrantes para a Europa são demonstrativos que a grande maioria dos que professam o Islamismo é sumamente pacífica, nada nutrindo contra o povo europeu. Vindo á procura e busca de um melhor nível de vida, os migrantes não estão seguramente empenhados em destruir o local procurado nem eliminar as pessoas cujo convívio procuram (a exepção não faz a regra mas confirma-a). É óbvio que o reflexo do terror na Europa é mais sentido, ora porque está distante dos locais onde a guerra regional ou a instabilidade social estão instaladas, muitas vezes devido ao envolvimento de seus responsáveis políticos, tudo se passando por isso em contraste com a acalmia e o bem estar que se desfruta por estas bandas.
                      Factor pessoal: O ISIS ou EI tem vindo a reivindicar muitos dos atentados terroristas, mesmo os actos de aparência terrorista, mas praticados por pessoas desequilibradas. Mas há uma incógnita que é fundamental esclarecer - como qualificar a prática de actos de terror e a sua reivindicação por alguém que se esconde com a cara tapada, escudando-se apenas sob a designação abstracta de uma sigla? Ou o autor (ou autores) não se identifica porque configura o acto praticado com condenável,  ilícito  e não apoiado por outros, ou simplesmente não assume a responsabilidade pelo acto, precisamente por nele não acreditar, considerando a acção praticada como fútil. Em qualquer dos caso e precisamente pela postura do autor aquilo que apelidamos de actos de terrorismo mais não serão então violência pura e sem significado, o que terá como consequência a justificação de toda a actividade, incluindo a contraparte violenta  para por cobro a essa actuação. Em bom rigor, os actos cometidos traduzem-se em gestos de violência indiferenciada e gratuita, atingindo sempre o cidadão vulgar, cada vez mais revoltado.
 Para quem conhece a vertente e o impacto de uma religião oriental e a sua queda para o fanatismo (há que não olvidar que o próprio cristianismo assumiu historicamente na Europa e nas paragens orientais e ainda num passado bem recente ora foros de fanatismo, outras vezes de  farisaísmo) é conhecido como o elemento metafísico se sobrepõe à valoração do domicilio ou de nacionalidade. Assim, nenhuma novidade existe neste sentimento. Um muçulmano que sempre nasceu e viveu em França pese embora por ex: de origem tunesina, pode ser tão fanático como aquele que nunca saiu da Tunísia, com a agravante de ser vítima de uma exclusão social ou então auto excluir-se ele próprio socialmente.
                   Contributo para entender o problema: Esforços estão a ser feitos para solucionar o problema de terrorismo. É sabido que este apresenta muitas facetas, não cabendo aqui e agora analisá-las. Uma coisa é certa: o terror, "qua tale" não desaparecerá. O grau de terror terá o seu cambiante, as suas modalidades, mas continuará em escala maior ou  menor, consoante os ventos da história (agora o ISIS e o seu apregoado hegemonismo até a Andaluzia), mas onde também se incluem, os mentalmente frágeis, os frustrados, os de ideologias extremistas, como os recentes acontecimentos na América, Noruega, Nice e os tiroteios aleatórios, em restaurantes e escolas tem demonstrado.
A sociedade tem os seus criminosos e como se sabe, é muitas vezes fácil inserir o comportamento destes no rol de actos de terror. Por outro lado, há que notar que as guerras geram os seus traumatizados, pelo que não é de excluir que muitos dos acontecimentos violentos e de terror possam ter a sua génese na influência que é transmitida (da mesma forma como um filho passa a ser do mesmo clube a que o pai pertence) em  casa, perante os filhos e outros, em conversas aparentemente inocentes mas que deixam o gérmen de violência, do racismo e de outras fobias
                    Pistas para solucionar o problema: Num escrito anterior já referi que o mais atroz dos terrorismos é o de matiz religiosa, o qual iniciado como tal, portanto irracionalizado, passa a assumir natureza política. Nestas circunstâncias, do proselitismo e universalismo que uma religião assume, não basta ou é mesmo insuficiente difundir que uma dada religião não preceitua a violência ou que se não concorda com a interpretação que lhe é dada no sentido de praticar a violência via terror. É uma forma muito cómoda de um combate não comprometedor e ineficaz.
Neste momento, e aparte os vários movimentos de índole religiosa com que se depara (veja-se por ex: o movimento hindutva na Índia, protagonizado pela organização RRS, patrocinada pelo Janata Party ao qual pertence o 1º Ministro da Índia, Modi) há que assumir que o ISIS, tem a suportá-lo os dignatários religiosos do islamismo.
IMPÕE-SE A SOLUÇÃO DETERMINANTE E FINAL - um concílio ecuménico de todas as comunidades islamitas - sunitas, shiitas e outras - representadas pelos seus dignatários religiosos e comunitários espalhadas pelo mundo - no sentido de condenação da prática terrorista e a qualificação do projecto imperialista do ISIS como quimérico e falacioso, religiosamente não consentido mas conducente a uma destruição de pessoas, e de conivência social e paz mundial.

AS PENALIZAÇÕES DA UE CONTRA PORTUGAL: Pelos vistos a decisão da UE para penalizar Portugal e a Espanha ainda não esgotou os episódios. Há porém, aspectos chave que importa reter para se descortinar alguma luz sobre esta situação rocambolesca. Assim:
- Não tem sentido esgrimir que os responsáveis da UE, responsáveis pela decisão que vier a ser tomada, não foram eleitos, ao contrário do que sucede com os governos europeus, saídos de eleições democráticas, com suporte parlamentar. A UE é assim, vive assim e assim será. Não se coloca pois aqui uma questão de legitimidade dos homens da UE. A sua legitimidade funcional decorre do facto da orgânica e funcionamento da UE ter sido aceite pelos países que a compõem, tal como é. Há que arcar com as consequências. Outra porém é a questão de saber e discutir se a decisão tomada por aqueles senhores é legítima ou não.
- Os homens responsáveis da UE são na sua grande maioria ligados à chamadas linhas socialistas mitagadas ou sociais democracias, no meio dos quais pululam elementos liberais e/ou neoliberais, no entanto todos se confessando adeptos do Estado Social mas apoiando e facilitando ostensivamente e aos poucos a decapitação deste mesmo Estado Social. Basta escutar Mário Draghi, cuja assinatura aparece em notas do Euro,  que sem papas na língua, em pleno Conselho de Estado e sem que houvesse qualquer reacção dos presentes, disse que o actual governo devia seguir a política do anterior governo, contrariando a posição adoptada pelo nosso Presidente de República. Onde começa e termina a independência e soberania de cada pais na UE? 
- A UE assenta hoje numa economia basicamente de mercantilismo liberal, algo despido do ingrediente ou de preocupação por um Estado Social. Porventura não terá originariamente sido assim. A adesão à CEE, pelo menos no que diz respeito a Portugal, por acção do então 1º Ministro Mário Soares era a de evitar que se enveredasse por um sistema socialista que aproximasse o nosso país mais de economias do Bloco Leste. Por acção mancomunada de Reagan, Gorbachev e Papa João Paulo II o regime soviético e seus satélites já não existem mais. Era de supor que houvesse mais moralização. Mas tal não ocorreu, antes pelo contrário. Aliás são bem conhecidos alguns dos personagens com cargos nas estruturas europeias que acabaram por merecer a recompensa depois de deixar Portugal no estado economicamente débil em que se encontra.
- Mas então porque é que a escolha assenta em Portugal e Espanha para efeitos de sanções, depois do choque aplicado à Grécia? E porque terão então escapado a este regime sancionatório a Alemanha que há anos tem furado a regra do défice, tal como a França? Será pelo medo do constante aspecto de mau humor do Wolfgang Schäuble ou  porque "France c´est la France? Não senhor. A razão é bem mais profunda. É que em Portugal um PS, como partido de esquerda, um BE e um PCP conseguiram derrotar no Parlamento uma formação política enfeudada ao interesses mais primários da UE, no seguimento de uma política de austeridade, adversa aos ditames de um estado social. Em Espanha, na óptica da UE corre-se o mesmo risco com o Podemos, tal como se correu na Grécia com o Syriza mas que ainda foi travada a tempo. É isto que se quer para em Portugal.
Compreende-se as agruras de um PSD, que apesar da simpatia das estruturas da troika e de ter ganho as eleições, não pôde governar por falta de apoio parlamentar e agora pelo distanciamento que sofre do Presidente da República. Paciência, enquanto melhores dias não apareçam, é melhor ter os pés assentes na terra e pugnar para o bem estar do povo português.