domingo, 12 de maio de 2013

Os Portugueses já não podem ser governados por farsas

           

                OS PORTUGUESES JÁ NÃO PODEM SER GOVERNADOS POR FARSAS

Já não é possível aturar os sorrisos de ficção dos nossos governantes ante a situação de crescente inquietação que nos vai afectando dia a dia. Já ninguém acredita na saúde de um Executivo onde os seus membros se contradizem, para logo a seguir virem dizer que não é bem assim e que a contradição é mais aparente que real, para num momento posterior vir a ser adoptada a mesma medida,sendo reconhecida com  despudor como aceitável, pelo mesmo membro governamental que anteriormente a criticou.
Tenho presente o célebre anúncio da semana passada em que o 1º Ministro anunciou o corte de 10% nas pensões e reformas, como via para reduzir a despesa do Estado. Está mais que visto que tal atitude musculada foi para contentar a Troika que se encontrava em Portugal para finalizar a 7ª tranche do empréstimo. Porém, Paulo Portas, numa manifestação de solidariedade, veio logo a seguir, no dia seguinte a contrariar o anunciado por Passos Coelho dizendo que esta era uma fronteira que não deixaria passar, Porque? Para assegurar, presumivelmente sob o padrão aparente do sentido ético da democracia cristã, a sobrevivência dos reformados, daqueles que davam guarida aos filhos desempregados ou sofridos com o baixo salário, neste tempo da crise.
Houve quem assegurasse que esta atitude do Paulo Portas fosse o resultado de uma prévia combinação com o 1º Ministro, quanto mais não fosse para alimentar a doentia expectativa de que a coligação governamental estaria por um triz, e que a queda deste governo, autor de medidas famigeradas estaria iminente. Devo dizer a este propósito e neste aspecto, que as pessoas se enganam porque querem. Se na verdade o CDS/PP quisesse ser intérprete da perspectiva cristã da democracia que diz defender, já tinha saído há tempos do governo rompendo com a coligação, precisamente pela desumanidade de medidas que este governo tem tomado, gerando um desemprego cada vez mais crescente, chegando a cerca de 1.000.000, e que o próprio Ministro de Finanças Gaspar garante irá crescer ainda mais, gerando sofrimento, desespero, e miséria também crescente.
Bem vistas as coisas, a responsabilidade real deste desastre político, mais do que do PSD - partido mais votado - acaba por ser do CDS, que deu e continua a dar vida a esta malfadada governação.
Mas a farsa não termina aqui. Como o Ministro Gaspar tem de ir amanhã, 13 de Maio, a Bruxelas para dar garantias à Troika, vai daí, o 1º Ministro convoca hoje Domingo à tarde um Conselho de Ministros extraordinário para afinal "ajustar" o seu dito pelo não do Paulo Portas. Chegam a esta sibilina  conclusão: O Conselho mantém o corte dos 10% mas admite não aplicá-lo. Será que a troika ficará satisfeita? Seguramente que sim, pois tudo está combinado: daqui a uns dias, e se houver passividade dos portugueses,  o Governo aplicará a medida. Há pois que resistir mais do que nunca.
A medida está inquinada de inconstitucionalidade. Acompanhando Jorge Miranda, direi que não se trata apenas de uma medida iniqua como reveste-se de uma verdadeira extorsão.    
          

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