quarta-feira, 6 de abril de 2022

O ERRO E A CULPA DE PUTIN

 

                                                   O ERRO E A CULPA DE PUTIN

Desde o início da guerra na Ucrânia, tem sido exuberante a panóplia de artigos, opiniões, sugestões, pareceres, declarações e comentários de mais variado timbre, na generalidade condenando o estado bélico a que vimos assistindo. Os meios de comunicação social, têm, por sua vez, se esforçado para transmitir a realidade possível deste estado de tensão que afeta as pessoas amantes de paz, particularmente na Europa.

Três são as linhas de juízo para este entendimento. A subitaneidade desta guerra; depois, a proximidade do conflito e as grandes e desastrosas proporções que atingiu e ameaça atingir ainda mais, e finalmente, a conotação que ainda se faz da atual Federação Russa com a URSS, já inexistente desde 1991. A Rússia, faz parte, isso sim, da ampla família de estados de economia liberal da Europa e da América.

Olhando para o mapa da Europa, é flagrante a União Europeia e alguns países que integram a NATO bordejarem a Federação Russa há anos. À parte a endógena provocação que constitui a mera existência de qualquer bloco bélico militar como a NATO, não há notícia de qualquer hostilização direta resultante deste contexto.

Em 1999, Vladimir Putin, sucedeu a Boris Yeltsin, poder esse, que ainda hoje mantém. Durante todo este tempo, a Rússia esteve rodeada da EU e da NATO. Quaisquer motivações que possam ser apresentadas para explicar a “operação militar especial”, não se descortina, todavia, culpa do povo ucraniano neste domínio, jamais poendo Putin justificar esta intervenção militar obrigando famílias inteiras a fuga das suas casas, ora pelo medo, ora pela sua destruição por bombardeamento.

Em pleno séc. XXI, na fase de evolução em que a sociedade humana se encontra, a solução da inquietude social jamais pode passar pelo ajuste de um choque armamentista, com todos os perigos que um tal contexto comporta, nomeadamente os decorrentes da arma nuclear (mesmo afastada qualquer intencionalidade do uso “do nuclear”, basta apenas cogitar num possível erro de estimativa, para avaliar o perigo subjacente numa guerra. É altura de relembrar Albert Einstein quando cogitava que, se a III guerra mundial for nuclear, a IV será com calhaus e varapaus).

Nenhum país ou povo deseja a guerra. Sabe-se que esta implica o uso de armas para matar. Ninguém quer morrer. A evolução intelectual da sociedade humana globalmente configurada é adversa a qualquer conflito bélico. Em termos civilizacionais é o diálogo e a diplomacia que imperam.

Mas a tragédia repete-se com a Ucrânia, que nem é mais grave nem menos grave que a daqueles povos que foram ou continuam a ser vítimas das ambições político militaristas materializadas em Blocos ou Pactos, como o foram a Coreia, o Vietnam, o Afeganistão e mais recentemente o Iraque, a Líbia, a Síria o Iémen, pródigas também em migrações e mortes, envolvendo mulheres e crianças!

E aqui ressude a grande falha de toda a estratégia político-militar de Putin, ao descurar, mais uma vez, esta comsequência marcante neste conflito. Mesmo concedendo que se possa tratar de um dano colateral, a verdade objetiva é que se trata na realidade de uma ação criminosa contra a humanidade. Nos moldes em que a operação militar russa se tem desenrolado, se Putin não previu este êxodo, tinha por obrigação prevê-la, com a necessária antecedência. E a prova disso está precisamente, na circunstância de só tardiamente, decorridos cerca de 15 dias sobre os bombardeamentos e já depois de mais de 2 milhões de ucranianos se verem forçados a procurar outros acolhimentos na base de um futuro incerto, com destaque para as mulheres e crianças, só então se ter proposto a autorizar corredores para os deslocados se refugiarem em paragens que desconhecem.

Faço votos para que ainda se vá a tempo de evitar uma maior catástrofe.

 

Lisboa- 14/03/2022

                                                       António Bernardo Colaço

                                                     (juiz-conselheiro do STJ – jubilado) 

                 

segunda-feira, 4 de abril de 2022

PLANETA TERRA- Sete(7) Condições INTERCOMUNICANTES para a sobrevivência (habitabilidade) da humanidade.

 Título: PLANETA TERRA - Sete (7) Condições INTERCOMUNICANTES para a sobrevivência (habitabilidade) da humanidade.

Autor: António Bernardo Colaço.

Profissão: Juiz-Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça – Jubilado

Endereço: - Avenida de Berlim – Torre 1 -4º Dtº - Olivais -  1800-039 Lisboa – Portugal

                   - e-mail: pimentelcolaco@gmail.com

Conteúdo: - Estudo da forma compósita na abordagem da questão supra titulada.

 Destino: - informação 

                 - Publicação permitida e autorizada.               

Data: 30/0172022

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                                                             PLANETA TERRA

                       Sete (7) Condições INTERCOMUNICANTES para a sobrevivência (habitabilidade) da humanidade

 

Breves notas sobre o conteúdo e a finalidade do escrito. 

Assiste-se presentemente a uma movimentação intensa, diria mesmo sem precedentes, das populações para evitar a exterminação humana e o perigo de um descalabro do Planeta Terra.

Subjacente a esta materialidade, estão os sentimentos de insegurança, a instabilidade de vivência, o sofrimento das nefastas condições materiais do quotidiano, a inexistência de confiança num melhor futuro e particularmente uma crescente tendência para a desumanização.

 – “Homo homini lupus” parece ser o lema. A isto, contrapõem-se as promessas mirabolantes por um mundo melhor, mas que nunca conheceram realização prática e as boas intenções de estilo, que, de antemão se sabem, a nada conduzem.

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São conhecidos congressos, cimeiras, acordos, pactos, conferências e outras movimentações do género visando tornar o Planeta Terra mais habitável. Sabe-se também que, há mais de uma década, pouco de positivo se tem alcançado para este objetivo. Mas promessas não faltam, como também não faltam os protestos a comprovar a vaguidade daquelas realizações e a sua quase nula valia. E porquê?

É que na sua grande maioria, cada participante nestas realizações, está limitado pelas orientações que leva do respetivo governo. Assim, mais não faz senão representar a carga político-económica ao nível nacional – é o mesmo que dizer que, tudo se esgota na defesa da produtividade industrial num contexto de acesa competitividade económica. Resumindo, a política de “fumos densos de altos fornos das fábricas” sobrepõe-se quando confrontada com a defesa do clima.   

O presente trabalho não irá mencionar nomes de personalidades a assacar responsabilidades, gesto que, está comprovado, a nada conduz. Estas não passam afinal de meros servidores de ideários criados visando alcançar metas que satisfazem objetivos a satisfazer conjunturalmente. Por isso, se a responsabilidade é de todos, ela envolve particularmente os que detém o Poder. De igual jeito, parte-se do princípio que, os fenómenos que dilaceram e põem em causa a estabilidade da vida nos diversos países, sendo sentidos correspondentemente, são por demais conhecidos do cidadão do mundo – tanto por aquele que sofre, como por aquele que assiste aos mesmos impotente para os obviar. O cidadão do mundo, sabe, a proveniência do mal e a quem o atribuir. Qualquer menção a ser feita a este propósito, sê-lo-á apenas a título meramente argumentativo.     

O objetivo deste trabalho não é, pois, acusar, mas procurar resolver o nefasto, tornando a vida mais apetecível de se viver, onde quer que se viva. 

A questão-base que se coloca reside na iminência da destruição de pressupostos em que assenta a sobrevivência humana e a utilidade, senão mesmo a existência do planeta Terra tal como a desejamos.  A prática paulatina e gradual de atos de destruição, não obstante os

 

pedidos e recomendações para a sua contenção, prossegue progressivamente e impiedosamente, a olhos vistos. Os seus efeitos devastadores vão sendo sentidos ao longo do quotidiano da vida humana, acenando a destruição final daqui a umas décadas, se não se travar aqui e agora esta sanha destruidora.

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Estamos na 3ª década do século XXI e tudo o que é feito e praticado é-o invocando a Democracia e a Civilização – uma proclamação quase unânime das Nações. Mas a verdade é que nada de quantitativamente com significado, correspondente àqueles valores é realizado. Tudo fica pela rama, no plano de propósitos e/ou de promessas. Se se quiser e para dourar a pílula, dir-se-á que por cada gesto aparentemente conducente a contrariar o fenómeno de destruição geram-se em simultâneo n situações a neutralizar o feito.

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É do sistema. Mas que sistema? O ditado pelo Capitalismo? Pelo Socialismo? Ou pela simbiose dos dois? É sabido que tanto um como o outro são sistemas económico-financeiros para gerir sociedades humanas formatadas em Nações. Teoricamente ao primeiro seguir-se-ia o segundo, mas a realidade atual do mundo, apresenta-nos um quadro em que i) os dois coexistem, e, ii) pese embora com tonalidades e cambiantes variáveis de país para país.  

Deste contexto estrutural conjeturou-se uma divisão do mundo em 2 blocos – o capitalista e o socialista, baseado nas apetências de predomínio de natureza económica, constatando-se presentemente uma majoração numérica do primeiro. Esta é a realidade com que ainda hoje se continua a deparar. Poderia não ser assim, se cada país se confinasse ao desenvolvimento económico da sua própria gente, numa partilha racional do excedente da sua riqueza com os demais países. Mas se assim fosse que utilidade ou qual seria necessidade para a existência da política de Blocos?

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Na atual fase do desenvolvimento mundial, esta ficcionada existência de Dois Blocos, assente no predomínio económico está estigmatizada por uma vertente política, do que resulta um permanente estado de tensão bélica – única forma de animar a produção económica, nomeadamente a rendosa indústria de armamento.

No propósito para fundamentar este estado de coisas, não faltam teorizações de mais diversa índole para maximizar perigos que não passam de pormenores adminiculares ou para justificar o injustificável.  

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 Por todo o lado pululam movimentações e protestos contra a instabilidade vivencial que afeta todos os países do mundo. As populações vivem em constante insegurança e tensão emocional, pela contingência produzida pelos reais conflitos regionais e a ameaça de guerra que podem inesperadamente surgir em qualquer ponto do mundo.

 

 

 A máxima “homo homini lupus “, nunca esteve tão sorrateiramente a fustigar a vida humana como agora.

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Em termos globais a Natureza, aparte os seus ajustamentos de estrutura universal, limita-se a acompanhar a estultícia humana, registando apenas as suas consequências, que cedo ou tarde far-se-ão sentir, segundo o prognóstico de cientistas.    

                                                            

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O QUE FAZER? Eis a questão.

O problema de defesa do Planeta e, mais explicitamente, da sobrevivência humana com dignidade, depende, em nossa ótica, de um conjunto de fatores ou condições que passaremos a abordar sinteticamente. Até agora, tem-se assistido à abordagem dos mesmos, individual ou isoladamente, perdendo-se a imposição de uma abordagem compósita, que é essencial para um entendimento mínimo desta complexa questão.

Como já referimos (e tornamos a insistir), neste processo de apreciação iremos fugir à tentação de qualquer menção ou crítica quer às organizações, quer a realizações quer às personalidades ou entidades, envolvidas nesta problemática, pois o que se pretende é não demolir ou afastar, mas alcançar uma postura proativa na resolução dos problemas que afligem a humanidade ameaçada, de todos abundantemente conhecidos.

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O trabalho assenta em simples traves -mestre, que visam fundamentar o tão desejado êxito das tentativas por um mundo mais digno para ser habitado, mais solidário na verdadeira aceção da palavra, mais humano. Obviou-se a referência estatística, por se tratar de um elemento facilmente captável através de publicações disponíveis.

Ao optar pela infusão de ideias-força, evitando considerações acrescidas e marginais, procurou-se deixar a cargo do destinatário – entidade política responsável ou o leitor – o ónus de meditar sobre cada frase, extrair o seu sentido em conformidade com a sua formação cultural e sentido de ética social, aferir as consequências dos ‘feitos’ até agora alcançados e traçar o rumo para o futuro da comunidade universal. No entanto, será fácil e frequente localizar as contradições da atividade dos responsáveis políticos, mas em simultâneo, vislumbrar o indicador que pode decisivamente contribuir para repor um convívio saudável entre os povos que habitam o mundo.    

 

Dada a complementaridade ativa das ideia-força, apreciação e análise das quais se segue, o destinatário, irá encontrar referências repetidas a aspetos, contextos e fenómenos. Ao seguir uma tal metodologia, visou-se apenas dar realce a intercomunicabilidade entre as atitudes que se impõem envolvendo ações que só resultam no formato conjugado e nunca isoladamente.      

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                  1) EXTINÇÃO DOS BLOCOS (BÉLICOS) MILITARES.

A constituição de Blocos Militares assume uma natureza provocadora, fomenta um permanente estado de tensão política regional ou mundial.  

Sem jamais pôr em causa a existência de um aparelho militar e consequente produção armamentista para efeitos meramente defensivos a nível nacional de cada país, sublinhe-se que na atualidade, qualquer Pacto Militar assume uma postura ofensiva, arrastando por isso mesmo a livre escolha de um país nele envolvente quanto à sua existência como país soberano. 

Nenhum país ou povo deseja a guerra. Esta implica o uso de armas para matar. Ninguém quer morrer. A evolução intelectual e anímica da sociedade humana globalmente configurada, apesar das dificuldades da vida quotidiana, seja onde for, é adversa a qualquer conflito bélico. A guerra gera destruição, miséria, desgraça e refugiados. O passado recente tem demonstrado que nos locais onde a teve lugar, foram precisamente estas as consequências, jamais tendo a guerra resolvido qualquer dos problemas que se propusera resolver.

A guerra ou a sua ameaça passou a ser um negócio, quer pela produção de material bélico, quer pela venda de armamento a outros países. A indústria de guerra é o maior suporte da força económica do país produtor. Assim se entende o envolvimento das administrações militares e militaristas e a grande indústria privada de produção armamentista. 

A guerra tem, teve e continua a ter uma motivação económica, exibindo, porém, disfarçadamente uma motivação – ética, religiosa, política, ideológica ou de domínio -, para a sua aceitação e para a sua mensagem ser mais apelativa.

A mera existência de blocos militares, assume na atualidade, um autêntico foro de paroxismo. Basta ter em conta os terríveis resultados das suas mais recentes proezas bélicas, espalhando a destruição, gerando migrações e fomentando a fome e exigindo somas astronómicas para a sua manutenção. Eis porque a manutenção ou a criação de novos blocos militares, particularmente

pelas franjas de países economicamente débeis, apenas contribui para uma crescente desgraça das populações delas dependentes.  

Onde reside, pois, o empenho na ficção de Blocos Militares?

À parte a despesa orçamental para efeitos defensivos em matéria militar, deixo ao critério do leitor, imaginar o destino produtivo que poderia ter o dinheiro orçado e gasto para a vertente ofensiva bélica e consequentemente contribuir para a paz e sossego das gentes do mundo.

                         

 

                  2) A FALÁCIA DA TERMINOLOGIA - PAÍSES POBRES e PAÍSES RICOS

Para o efeito em apreço, mais uma vez se sobreleva a vertente económica, não só no plano de exploração substancial como na esfera existencial dos países em causa. Basta simplesmente atentar na resenha fotográfica e nas notícias com que a comunicação social nos vai brindando quase quotidianamente - crianças mal nutridas marcadas pelo signo da miséria, gentes a fugirem

 

do desespero, insegurança de vida e violência geradas no rescaldo de guerras provocadas, movimentos migratórios de destino incerto, para muitos tudo terminando numa esperança malfada ou assassina.

 Nas relações entre muitos países, os fatores geradores da riqueza de uns nem sempre foram marcados pelo signo de reciprocidade – uns enriqueceram à custa de outros, pelo que não há países ricos ou pobres por natureza. Historicamente, a expansão e exploração mercantilista a partir do seculo XV e que viria a degenerar-se no colonialismo gerou as categorias de país dominante e país dominado, materialmente expresso na exploração das riquezas do 2º pelo 1º. Tal acontecimento teve como efeito, o desfasamento completo da estrutura produtiva do país explorado. Os “terms of trade” eram quase totalmente desequilibrados, num processo com a clara conivência das elites locais governativas e economicistas É assim que vemos geralmente estas elites a participar no processo de escravatura e na exploração económica da população autóctone. (a este fenómeno seguir-se-iam os movimentos independentistas, liderados pela burguesia dando origem a Nações, que, salvo raras exceções, adotaram os regimes político-económicos dos países dominantes).

Eis porque a dicotomia - país dominante/ Pais dominado - é a que mais se adequa á realidade hodierna, apesar da ‘independência’ política do país explorado. A questão não se restringe, pois, à riqueza ou pobreza de países. Todos os países são autossuficientes, portanto, ricos.    O que se pode dizer é que à “riqueza” de uns se aditou à “riqueza” de outros, sem que estes fossem devidamente compensados. Refiro-me às matérias-primas, de toda a espécie (desde as especiarias, passando pelo petróleo e pedras preciosas, e gás natural etc.).

Este processo desastroso prossegue, cada vez com mais força, e é preciso pôr-lhe termo. Então sim, equilibrada a balança, resolvidos os problemas infraestruturais, com elites locais descomprometidas, aquele resto de humanidade hoje apelidado de pobre, estará na verdadeira via de desenvolvimento fruindo da sua riqueza.

 

                  3) ELIMINAÇÂO DO ENVOLVIMENTO POLÍTICO DA RELIGIÃO

“A religião é o ópio do povo”. Proferida isoladamente, a frase soa a rebelião. A ideia-força tem de ser, porém, equacionada, no contexto em que foi proferida.  A sua dupla dimensão tem sido ignorada. Por um lado, configurava a religião como um agente, que impelia o crente à passividade, perante a exploração do sistema económico que o vitimava; por outro lado, destacava o papel ativo da religião, num envolvimento político adverso, quando o apelo ao metafísico era subalternizado no processo da evolução social.  

São conhecidos os dados históricos, pouco abonatórios a propósito deste despropositado intervencionismo das religiões. São diversas as formas desta intromissão - ora, sob a capa de um chauvinismo doutrinário; ora, sob a forma de um proselitismo missionário; ora sob a modalidade de um conformismo de vida em sociedade.

Em todas estes formatos procedimentais, a religião tem servido de motivo para legitimar confrontos entre comunidades humanas, fomentar guerras, gerar diferenciações sociais, trucidar a história, desrespeitar outras religiões, tudo culminando no incontestável apoio ao poder político instituído (do momento), por pior que seja, desde que facilite a propagação e o controlo pela “fé”.

O problema da influência das religiões nas sociedades humanas é altamente melindroso e perigoso, já que foge ao controlo racionalizado de comportamento individual ou grupal.

A determinante metafísica será sempre aceitável desde que não fanatizada, já que nesta dimensão é suscetível de gerar atos do mais puro irracionalismo, geradora de instabilidade, diríamos mesmo, de efeito horizontal, na maioria dos países. A situação torna-se mais gravosa quando a influência religiosa é entrosada pelo próprio poder político dando origem a chamados “Estados Religiosos” numa confusa, mas descarada mancomunação ativa de política – religião.

Impõe-se por isso pôr termo a este estado de anormalidade organizativa e vivencial.

Uma abordagem conciliatória deve centrar-se não tanto na esfera política, mas diretamente com os responsáveis, chefes e orientadores das respetivas comunidades regionais e locais das religiões mais tradicionais.

                                    

                                      4)  POR UM DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO RACIONAL E ÉTICO

 A humanidade para existir e subsistir tem de produzir. “É a economia – estupido” (título de um escrito nosso). Mas produzir: Como? Quanto? Estas são, à partida, duas indagações sobre as quais urge tomar posição em definitivo.

A história da evolução humana diz-nos que, na atualidade, estamos perante dois sistemas económicos que se antagonizam – o capitalista e o socialista. Este estádio descambou para a rivalidade na dominação económica mundial, dando campo a ambições hegemónicas de espaços territoriais nos quais se incluem Nações com economias dependentes.

A produção desenfreada, a par do lucro que proporciona, consegue incrementar o estado de dependência e controlo de partes de mundo, repartido em Países, assim se estabelecendo o necessário estado de “tensão” para manter este controlo dominador. Este estado tensional permite o desenvolvimento da indústria de guerra, a mais lucrativa que se pode pensar. A guerra é um produto lateral (by-product) desta política económica.

O excesso de produção é, pois, a via de aumentar o lucro e alcançar a dominação do espaço terrestre (sic. Nações).

É interessante salientar como estas tendências afetam marcadamente as nações dominadas (como referimos na condição 2). Funcionando o lucro como uma mais-valia e tendo essas nações adotado o figurino económico das nações dominantes, a política ditada pelas elites locais acabam por vitimar as próprias comunidades que controlam também através de uma política de exploração, apenas com uma diferença – a de fomentar o estado de dependência em proveito próprio e da burguesia que as suporta, em detrimento das comunidades que era suposto beneficiar (falta de infraestruturas, educação e outros no género).

As centrais nucleares, os altos fornos industriais e seus fumos, a desflorestação entre outros comportamentos e a extração e exploração descontrolada do subsolo, inserem-se neste conteúdo programático.

É neste ponto que cabe indagar sobre o volume desta produção, a sua repercussão na contrapartida do lucro auferido e a gestão do mesmo em termos de utilidade para o bem da humanidade – já que esta é a questão central que nos anima.

Para uma empresa a produção é uma variável que se ativa em função das necessidades do consumo mundial. Uma produção descontrolada e desenfreada é por natureza desestabilizadora, por gerar excedentes e pela inutilidade em termos de consumo. Quanto ao lucro, este é uma componente estrutural do funcionamento empresarial que está condicionado a dois fatores: - a sua manutenção produtiva/laboral e - a provisão para o desenvolvimento atualista da unidade fabril. Tudo o que ultrapasse esses condicionantes, entra no domínio do abuso e desregramento social, que se torna necessário evitar e combater.

É fundamental, no entanto, deixar bem clara a importância que a economia tem no plano existencial da sociedade mundial e o desenvolvimento económico na vida de qualquer nação. O problema, no entanto, assenta na forma como o produto da realização económica é utilizada e posta ao serviço dos países, ou seja, das populações que as integram, nomeadamente, em termos de distribuição e aproveitamento do produto de modo a evitar subnutrição e fome.              

Forçando um pouco o raciocínio, é fácil de enxergar que é precisamente neste ponto que se coloca também o problema do perigo de alterações climáticas, como ainda o da moralização do setor produtivo e social da humanidade.

  

                  5) A PROTEÇÃO DA NATUREZA contra AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NOCIVAS.

O mundo está cheio de protestos contra as alterações climáticas que põem em causa a vida em geral, com particular destaque para a sobrevivência da humanidade.

Neste aspeto estão em causa as mínimas condições de habitabilidade para a espécie humana.

Geologicamente falando, o planeta Terra sempre conheceu mudanças climáticas. Subjacentemente, catástrofes na e da natureza existiram deste os primórdios da existência terrestre, bem como os fenómenos derivados do movimento de nutação ou dos ciclos de Milankovitch.  

Porém, a questão base que se coloca é, não a de existência de cataclismos, mas a) a frequência, a intensidade e a rapidez com que estes se registam e b) a incapacidade cada vez mais crescente do homem para anular os seus efeitos desastrosos.

Para nos consciencializarmos deste conjunto causa/efeito basta atentar em fenómenos como: o exacerbado aumento do dióxido de carbono na atmosfera e o consequente efeito-estufa daí decorrente; a evaporação gerada, não só de tempestades, mas algo contraditoriamente, também de secas noutras paragens, a progressiva extinção de fauna, os furacões e tornados, o degelo dos Árticos, a intensidade das chuvas, as inundações, os tsunamis, a erupção de vulcões, os deslizamentos de terra, o aumento do nível da água do mar e a deflorestação.

Está ainda por definir o impacto da incontrolada e desmedida extração de petróleo e gás natural do subsolo, nas camadas geológicas, nomeadamente do seu Manto e das ondas sísmicas. Veja-se, a propósito, como o consumo excedentário das águas subterrâneas, através de poços, têm gerado a secagem de lagos.       

- A apreciação da problemática assenta essencialmente em quatro polos de referência: 1º - a vontade e propósito políticos; 2º - a disponibilização do setor industrial, 3º - um dispositivo de fiscalização com poder impositivo, e 4º - a adesão publica.

 Está definido que a maior parte do atentado ao equilíbrio da vida humana decorre da própria ação do homem. Nada de positivo será viável se as Nações do mundo, com particular destaque às mais desenvolvidas industrialmente não se harmonizarem e acordarem definitivamente no sentido de alcançar os parâmetros cientificamente tidos por minimamente ajustados para uma equilibrada vivência humana.

Neste domínio, de nenhum valor assumem as vãs promessas feitas pelos Poderes Políticos das diversas Nações, por já comprovadamente ser de reduzida ou nula eficácia. Isto acontece porque a franja Política mais não tem feito senão seguir o ditame do sector económico, este que afinal tem dominado aquele.

É fundamental que a vontade política proactiva e séria se sobreponha à dominação económica, através de determinações coercivas fixando os limites de sustentabilidade de perigosidade de diversas atividades, a partir dos quais entrariam em ação os organismos reguladores das mesmas.   

- Se é certo que o movimento vital da sociedade gira em torno de Economia, a verdade é que o excesso de produção introduz fatores de desestabilização na evolução do meio ambiente considerado no seu todo.

As emissões de gases e fumos, resultantes do uso do material bélico em guerras, dos altos fornos de fábricas e fornos industriais, a deflorestação, a exploração incontrolada do solo e subsolo, nomeadamente do combustível fóssil e petrolífero, são algumas das macro atividades, subjacentes às alterações climáticas e inerente nocividade de que tanto se fala.

Porque esta ânsia para produzir?

- De promessa em promessa em sentido contrário, expressas em Conferências, Convénios Pactos e Cimeiras, a verdade é que se assiste cada vez mais aos efeitos destruidores desse tipo de atividade.

Impõe-se, isso sim, um conjunto de organismos internacionais fiscalizadores, política e economicamente independentes, capacitados com poder para verificar e regular os abusos das atividades nocivas para a sobrevivência humana.

                      

                                      6) RESPEITO PELOS VALORES EXISTENCIAIS (cultural, político, religioso, social e outros) LOCAIS.

À medida que se vão alinhando as condições para uma vida humana sustentável num planeta com condições de habitabilidade, vai-se tornando cada vez mais evidente, a mútua dependência das mesmas, a ponto de não se poder falar de uma, sem, no mínimo fazer uma implícita alusão às restantes: a desflorestação na Amazónia respeita os direitos dos índios? O “estado de tensão” e as guerras contribuem ou não para a desertificação dos terrenos, para a pobreza da população local, as migrações e a dependência económica do país vitimado? O desrespeito pelo estofo cultural e religioso proporciona ou não o conflito armado, sendo que este se faz sentir com mais veemência precisamente quando os países e a população são economicamente mais carenciados? Tem ou não sido em nome de religiões, ou seitas diferenciadas que se tem praticado atos da barbárie bélica?

Mas há que avançar no raciocínio. O que se ganha com o mero “diktat” de supremacia de um pensamento sobre o outro? Qual o princípio moral que determina que uma religião ou sistema económico é superior ou inferior ao outro – situação essa que agrava quando 3ºs intervém na contenda?

Neste ponto, penso que o leitor alcançou o sentido e a amplitude das perguntas, as quais poderiam abranger outros quadrantes aqui referidos, mas que ficam a cargo do leitor interessado fazê-las.  

Subjacente a estas posturas há uma linha condutora que atiça o ânimo e o consequente gesto. É a ambição, a conquista e apropriação de território (o chamado ‘espaço vital´) e o domínio económico. Este quadro de aspirações só se explica quando um país, ou pretende ocultar as fragilidades internas da governação ou pretende enriquecer-se à custa alheia.       

 Como por termo a isto (qual a receita para controlar este ímpeto desastroso e muitas vezes gerador de destruição?

“Todos os seres humanos são iguais”. Quer isto significar que não existe povo, nação, comunidade ou pessoa que seja detentor da verdade, por que a Verdade é relativa. Tudo depende do estado de conhecimento e do contexto gregário da comunidade de que faz parte. O que é verdade para um pode não ser verdade para outro. A vivência tem sentido quando contextualizada e não idealizada. Por isso se defende a evolução paralela dos povos, sem prejuízo do acolhimento da parte benéfica da evolução do outro. Fundamental é que não se tome a nuvem por Juno e vá de aí assenhorear-se, dominando ou neutralizando os vetores existenciais de outros povos.

Neste contexto, a economia e a religião tem de merecer particular atenção. Se, historicamente podem merecer uma certa compreensão pelos desmandos cometidos em seu nome, a sua

projeção na atualidade foge aos valores alcançados pela inteligência humana – toda ela pautada por n cânones de convivência, solidariedade e humanismo.

Com que direito, estará um Estado a tentar impor a um outro Estado a normatização como deve orientar a sua economia?  Qual o princípio que determina que uma religião é superior a outra? Mas a verdade é que são os países economicamente desenvolvidos e também os países economicamente débeis que, em nome destes princípios e direitos inexistentes ou de um deus inominado que de desencadeiam guerras, fomentam conflitos, arrasam populações, provocam migrações e fugas de populações, destroem habitações e trucidam milhões de humanos, que de longe ultrapassam as vítimas das catástrofes da natureza.

A resistência, o protesto e a solidariedade são as únicas vias para pôr termo a estas atrocidades?

Até quando?

                                

                                      7) CONHECER E VALORIZAR A NATUREZA ATRAVÉS DE SUPREMACIA DA CIÊNCIA-

Do que se sabe, é muito parco o conhecimento do nosso planeta. Vejamos: ainda está por saber o porquê do “timing” das movimentações de placas teutónicas, geradoras de terramotos e a

 

ativação dos vulcões. O fundo dos mares e oceanos está ainda por explorar. O impacto de um meteorito pode destruir o planeta ou tornar a sua habitabilidade intolerável.  

 Vem este introito para demonstrar que o estado de contingência do planeta Terra não pode ser exclusivamente atribuído à ação do homem e que há fatores da natureza ou do universo, como que externos à vontade humana, que podem fragilizar o planeta por completo, a um extremo onde a vida se torne impossível ou extremamente difícil na sua existência.

Mas a ação do homem pode moldar pela positiva este condicionalismo aliviando o peso do temido cataclismo.

Por um lado, urge alertar a população mundial, para o perigo em si. Tal exige à partida uma atividade proactiva por parte a) dos Governos neste sentido. Por outro lado, todo o apoio deve ser tributado b) às ONGs verdadeiramente empenhadas nesta tarefa. O efeito regulador dessas intervenções deverá conduzir a que as sociedades e comunidades adotem hábitos de higiene e de limpeza, quais fatores de autoestima e de autoconservação. Até ao presente, infelizmente a atitude dos Governos não tem preenchido este requisito e, por outro, as referidas ONGs têm sido hostilizadas, se não mesmo neutralizadas nas iniciativas.

A falta de vontade política por parte dos governos ocorre, como já se referiu, do facto de estarem economicamente condicionados. Essa vontade para alterar o rumo do perigo, vai apenas até onde o interesse económico o consentir, o que na prática se tem confinado a vãs promessas que ficam geralmente por cumprir. Esta atitude política é contagiante e, portanto, generalizada por outros setores de atividade humana. Promete-se, mas não se cumpre. O rumo que a concorrência económica tomou entre os países economicamente desenvolvidos tem sido pouco propício para encarar a humanidade e o planeta sob o prisma de vetores determinantes de existência vital. Por sua vez os países pouco desenvolvidos ainda não conseguiram autonomizar-se de modo a serem eles próprio os mandantes da sua produção, que continua assente nos parâmetros coordenados pelas grandes economias.

É, no entanto, certo que se vai investindo na pesquisa científica, e honra seja feita aos investigadores que, na batida do tempo, vão dando resposta à multiplicidade de problemas que aflige a humanidade, dentro das possibilidades de que dispõem. É que há muito para investigar.

Tudo depende do investimento na investigação científica e este tem sido pouco expressivo face à magnitude dos problemas existentes e do muito que há ainda por investigar, para a preservação da natureza, para alimentar a humanidade e gerar condições de habitabilidade.

Sem pôr em causa a exploração espacial, seria de total interesse explorar o fundo dos mares para efeitos alimentares e não só; também o interior da Terra, prevendo os tremores de terra, o condicionamento da atmosfera, resolvendo entre outros perigos, o “efeito estufa”; gerar a chuva artificial quando necessária e porque não - afastar o choque do meteorito, controlar os efeitos da radiação interplanetária e solar na terra. Eis alguns aspetos e seguramente outros haverá para que à ciência se abra o campo de ação e de apuramento para o bem da humanidade. 

A investigação científica em todos os campos da atividade humana é sumamente obrigatória e uma prioridade das prioridades.

                              

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                                    De Ética à Solidariedade – De Egoísmo à Partilha

OS QUATRO MARCADORES QUE PODEM DEFINIR A DIFERENÇA e ATIVAR AS SETE CONDIÇÔES

 A cada catástrofe assiste-se a campanhas de solidariedade. Embora não seja feliz, o contexto faz lembrar o envio de carne para canhão e mortes na guerra, montando-se em simultâneo, tendas de campanha hospitalar para cuidar dos feridos!

O mesmo se diga da recente campanha pro-migrantes, com particular destaque aos que fogem do seu país à procura de melhores condições de vida, depois que os respetivos países foram fustigados e destruídos por conflitos e guerras provocados por aqueles que tomaram a iniciativa e por vezes continuam a acalentar o prosseguimento dessas contendas!

quatro marcadores -3 de natureza positiva e 1 negativo - que podem conter esta ânsia maléfica de “homo homini lupus” e ativar as sete condições acima traçadas em formato integrado.

É obvio que nesta apreciação se vai partir não do zero, mas das atuais condições em que o mundo se encontra.                              

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(ÉTICA): É básico que se respeite a vida humana e a natureza. Se assim é, destruir para reconstruir é antiético. Para que este marcador releve, é imprescindível que o seu agente impregne as suas ações com os princípios que as ditam, e que se concentram na Ética.

Ora bem. O mundo está repartido por Estados soberanos. Nada pode legitimar que um país, sob que alegação for, se intrometa nos assuntos internos do outro e menos ainda, quando visa alterar o regime político-económico aí vigente, fazendo uso de hostilidades, de meios violentos como a guerra ou de natureza económica como o bloqueio ou sanções económicas.  O mínimo que, desse tipo de atuação se pode dizer é que contraria a Ética.          

Esta apreciação é particularmente relevante no plano político, já que é desta esfera que dimanam as ações agressivas e os pressupostos que as fundamentam.   

O direito natural de coexistência humana não pode legitimar ações que pressupõem a destruição da espécie. A guerra, é por isso e por natureza um ato contrário à ética, sendo particularmente condenável quando movida para assegurar interesses egoístas de foro étnico e/ou religioso, ou fundada em razão impositiva de superioridade económica ou de mera ocupação territorial.

O mesmo se diga tratando-se de bloqueios económicos, que mais não fazem senão contribuir para uma maior carga de carências e de sofrimento para o conjunto comunitário destinatário desta medida.

(SOLIDARIEDADE): Solidariedade não é caridade. Esta pressupõe um sentimento de superioridade face ao destinatário. Aquela movimenta-se num plano de igual para igual. Na solidariedade, aquele que dá incorpora a situação daquele que recebe, numa operação anímica em que o dador se coloca na posição do recetor. Neste paradigma, a solidariedade, designadamente no plano político envolve sim uma postura em continuidade, eticamente fundada, contemplando todas as situações que demandam este gesto.

Este entendimento desfaz a máscara aparentando o “bem fazer” enquanto subjacentemente se vão tecendo os cordéis e se vão lançando as bases que anulam os efeitos da solidariedade prestada. Em termos mais simples, seria o caso de ‘dar com uma mão e tirar com a outra’. Outras vezes, a ‘solidariedade’ é realizada com agressões sob a alegação de que por essa via se defendem valores humanitários, a democracia ou outros de diversa natureza. São casos em que a ética dos autores destas proezas fica marcada por cânones de iniquidade e falsidade.

Um mundo, onde a solidariedade entre comunidades e Nações venha a existir, é decididamente, um mundo onde pode vir valer a pena viver.

(EGOISMO): Boa parte de história da humanidade tem sido marcada por atos que envolvem o voluntarismo individualista. O reflexo desta postura revela-se no egoísmo que é atinente aos dirigentes de muitos países ou comunidades. Estes responsáveis, através das políticas públicas e diretrizes que elaboram, agem como se fossem só as suas instâncias a terem o direito à existência ou entendem que outros tem de estar numa relação de permanente dependência para com aquelas. Todos os fenómenos de exploração ou de conflitualidade dimanam desta inspiração egocentrista. Assim caracterizado, o egoísmo pressupõe a subordinação existencial de todas os outros Estados e comunidades aos interesses do país impositor.

Até que ponto pode um país exigir a defesa dos seus interesses num outro (país)? A resposta é simples: Até onde esta defesa assegure o respeito de soberania desse país, posto que pautado pelo matiz do direito internacional e dos princípios elementares de convivência comunitária. Se assim não for, a sã convivência entre Países fica reduzida a uma mera quimera, gerando desequilíbrios no trato relacional mútuo, com o risco de descambar para a franja de conflitualidade – situação que, infelizmente, ainda hoje, se verifica.

(PARTILHA) Partilhar e não sancionar- terá que ser o lema dos habitantes da Terra, repartidos por Nações. Como já se referiu, o mundo apresenta-nos dois macro sistemas económicos – o capitalismo e o socialismo, com as respetivas nuances, que os países, através de instituições políticas, adotam, por motivações mais diversas, em conformidade com as demandas dos povos e comunidades que os compõem.

O facto de as traves-mestras destes dois sistemas serem distintas, não avalisa tentativa de um para eliminar ou dominar o outro. Qual o interesse de uma Nação em alterar o sistema político económico vigente noutra? Em nome de que princípio ético se pode legitimar essa intervenção, que afinal acaba por desestabilizar o mínimo de equilíbrio aí existente, quando inexiste qualquer medida de aferição para assegurar a supremacia de um sistema sobre o outro?

A partilha não é imposição. Partilhar implica a colaboração de quem dá e a aceitação por parte de quem é recebe. Esta eventual interação, não invalida a absorção, por qualquer das partes, dos atributos ou valores tidos por válidos do sistema adverso. O que não deve haver é campo para motivações inventadas, já que a razão da partilha assenta precisamente nos bens materiais e imateriais que constituem o acervo do seu agente ativo e na carência desses mesmos bens por parte do agente passivo. Neste entendimento é pura fantasia acreditar que um país possa partilhar ou contribuir para a defesa de direitos humanos quando ele próprio, a todas luzes os desrespeita no seu próprio seio ou que possa contribuir para paz fomentando a guerra ou sustentar um permanente estado de tensão.

 

Conclusão:

Convido o leitor para verificar a eventual compatibilidade entre o acima ficou dito e a realidade circundante.

Estamos em 2022. Até ao presente, inúmeros tem sido os “summits”, conferências, encontros, acordos, seminários e outras realizações tendentes a viabilizar soluções para tornar o Planeta Terra mais condignamente habitável no presente e para o futuro. Livros, artigos científicos, de opinião e teses recheiam as bibliotecas e os escaparates jornalísticos e livrarias. Recomendações de instâncias internacionais, programas de organismos especializados e promessas de dirigentes políticos preenchem o quadro dos anseios dos habitantes do mundo. Algo foi feito sem dúvida, mas a mera observação da realidade quotidiana que se vive, já não nos segreda, mas dita-nos, alto e bom som, que quase tudo está por fazer.

É incómodo aceitar o que acima se disse, particularmente por parte dos Países e dos dirigentes governamentais, enquanto responsáveis pelas políticas seguidas, resultado das quais são mais que evidentes e estão à vista.

E o mais grave é que não há que falar de um plano B.

Por uma real humanização do decisor político, assente no condicionalismo compósito acima referido, sustentado pelas coordenadas acabadas de referir, é o caminho a seguir.  

Vale a pena tentar.

Lisboa – 30/01/2022

                                                                      António Bernardo Colaço

                                       (Juiz – Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça - Jubilado – Portugal)   

                    

domingo, 3 de abril de 2022

Livro -Sindicalismo na PSP - medos e fantasmas em democracia

 

     

     Sobre o livro “SINDICALISMO NA PSP – Medos e fantasmas em democracia”.

O livro é um quase diário, relatando os momentos marcantes do que constituiu a luta da então Comissão Pró-Associação Sindical dos Profissionais da PSP. Pelo conteúdo, é único no género sobre o sindicalismo policial em Portugal, tendo servido por isso como uma obra de referência para estudos académicos.

O livro foi apresentado em maio de 2001 pelo então ex-Ministro de Justiça e ex-Provedor de Justiça Dr. José Meneres Pimentel, na sede da Associação 25 de Abril – Lisboa.

Escrito em coautoria, um jornalista e um magistrado, que não pertencendo ao estrato policial, acompanharam de perto o processo reivindicativo de dignificação da classe de profissionais em apreço, empenhando-se em pesquisas jornalísticas e na elaboração dos fundamentos jurídicos do direito ao associativismo representativo na instituição policial.

De tudo isto, é o livro repositório. Aí se mencionam as lutas, o sofrimento, e a repressão, mesmo quando se vive em democracia. Por isso a menção individual dos protagonistas ‘de um e do outro lado da barricada’ constitui um elemento de relevo, bem enriquecido pelas notas de rodapé.

Daí, finalmente a advertência que o título do livro reflete e a que cada agente policial deve estar atento.

Lx – 17.03.2022