terça-feira, 2 de junho de 2020

A POLÍCIA e o POLICIAMENTO


                (Enquadramento: *vigência do Covid -19 (3ª fase de desconfinamento)  *assassinato do negro George Floyd em  Minneapolis/EUA - *lançamento da nave espacial Space X - numa iniciativa privada -  Alan Musk /pública - NASA).

É um complexo de acontecimentos distintos mas que aparentam estar interligados dando origem a situações destemperadas. Sem dúvida que a pandemia tem vindo a marcar o comportamento das pessoas, por vezes, algo desconcertadamente. Vejamos o caso do Trump, que aproveitou o lançamento do Space X para enaltecer a sua iniciativa para demonstrar que América é "great" não necessitando de qualquer colaboração russa. É certo. No entanto, note-se que foi um astronauta russo quem deu as boas vindas aos dois astronautas na Estação Espacial Internacional (onde, há meses, estão dois russos e um americano). Esta estação não é um exclusivo americano. Não faz pois sentido a afirmação do Trumpa, (desculpe a pronúncia e o escrito, queria dizer Trump) pois não consta que os russos lancem foguetões do território americano. É interessante salientar que esta forma de estar do presidente americano tem lugar num momento em que anda completamente desvairado, raiando um psiquismo deficiente, numa provocação contra o governo da República Popular de China, atribuindo-lhe a "criação do coronavírus" com propósitos de dominação político económica mundial - acusação essa que a entidade chinesa interpreta como uma afronta para a guerra fria. Como se isto não bastasse, dá-se o assassinato do negro George Floyd em Minneapolis por um agente de polícia branco, acontecimento este que atiçou o protesto dos americanos contra o racismo imperante nas forças de segurança americanas. Segundo o noticiário  da BBC - América está a ferro e fogo.
Fica fora do âmbito deste escrito estarmos a comentar analiticamente estes acontecimentos no seu conjunto e entrelaçado. Na refrega deste último incidente o Jornal Público de 01.06.2020 (fls 28) reporta a morte de Floyd e ao evento em que dois carros de polícia de Nova Iorque investem contra uma multidão que protestava. Cita então Arthur Rizer, investigador e  responsável do Instituto R. Street, com sede em Washington D.C, e filiais na Florida, Texas, California, Alabama e Ohio - uma organização conservadora que se dedica á formação e gestão de políticas de segurança. Questionado referiu que "criamos um mundo, em que não nos limitamos a militarizar a polícia - estamos a  equipar os policiais como soldados. Porque é que ficamos surpreendidos quando eles agem como se fossem soldados?" Está tudo dito e explicado. Pelos vistos a questão não se confina apenas ao militarismo policial mas ramifica--se à racismo.
Trata-se de uma situação que dá que pensar. Em Portugal o agente da PSP - Manuel Morais - Lisboa, denunciou há bem pouco tempo a existência de manifestações de racismo e xenofobia nas forças policiais, e são bem vivas as imagens que por esta altura ocorreram no bairro de Jamaica - Lisboa. Ora bem. É sabido como a problemática de segurança ao nível europeu está a ser influenciada gradualmente pela infusão militarista da NATO, onde o papel dos EUA predomina. Apesar da Constituição da República distinguir a segurança interna e a defesa nacional, estando aquela a cargo da entidade policial e esta da entidade militar,(salvaguardados, os estados de exceção e a  implícita colaboração das Forças Armadas com o sector civil), tem-se assistido por parte do poder político a um voluntarismo político em manter militarizadas algumas forças policiais (GNR, PM) que por imperativo deveriam ser de natureza civil. Faço votos para que neste contexto não haja qualquer transmissão desta americanice.                       

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